O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), assim como os dois irmãos mais velhos, não costuma economizar na, digamos, cara de pau quando precisa dar uma desculpa “oficial” para os fanáticos e extremistas seguidores de seu pai, a numerosa patota apelidada não muito carinhosamente de “gado”. Só que desta vez, quebrando o silêncio sobre o escândalo das joias milionárias “dadas” pelo governo da Arábia Saudita e que o chefe do clã teria tentado surripiar, ele foi longe demais.
Jair Bolsonaro (PL) foi inequivocamente flagrado, em várias ocasiões e com diferentes provas (ofícios, documentos, vídeos e áudios), tentando se apossar de um estojo de joias avaliado em R$ 16,5 milhões e ainda mandou colocar em seu “acervo pessoal” (pegou para si) outros dois conjuntos de joias menos valiosas. Tal situação, por razões óbvias, gerou dificuldades de justificativa nos rebentos do ex-presidente.
Depois de duas semanas incessantes de escândalo, gravações, pilhas de denúncias e até a admissão do próprio pai de que ficou com dois estojos de joias, Eduardo Bolsonaro resolveu explicar à coluna de Igor Gadelha, no site noticioso Metrópoles: a culpa é do PT.
“Isso é cortina de fumaça para esconder outras coisas do PT”, disse o parlamentar e filho 03 ao jornalista.
Mas calma aí. Se você sentiu falta de uma explicação “mais robusta”, Eduardo continuou esclarecendo o “insignificante” episódio de um ex-presidente que teria tentado se apossar de conjuntos de joias, ouro e pedras preciosas, avaliados em dezenas de milhões de reais, que são do Estado brasileiro.
“Ele nem teve contato com essas joias. Um ano depois, quando ele descobriu que tinha algo lá parado, pediu para o coronel Cid averiguar o que era”, disse ainda o filho do ex-mandatário de extrema direita.
Contato com dois dos estojos o então presidente teve, tanto é que admitiu que estava com eles e agora terá que devolvê-los por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Já sobre “descobrir que tinha algo parado lá” e que pediu para “averiguar”, fica difícil de acreditar, tendo em vista as oito tentativas de “resgatar” as joias, inclusive pressionando o secretário da Receita Federal, três ministérios, militares de alto escalão, além do uso de um avião da FAB para mandar um emissário para retirá-las ilegalmente da Alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos.