INVESTIGAÇÃO

Escândalo das joias: PF deve pedir quebra de sigilo telefônico de Bento Albuquerque

Medida deve se estender ao ex-assessor dele, Marcos André Soeiro, e ao ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes

O ex-ministro Bento Albuquerque na mira da Polícia Federal.Créditos: Fabio Pozzebom/Agência Brasil
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Após prestar depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o escândalo das joias sauditas, Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia do governo de Jair Bolsonaro (PL), deve ter seu sigilo telefônico quebrado.

A medida, estudada pela PF, deve se estender ao ex-assessor dele, Marcos André Soeiro, e ao ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.

A motivação da iniciativa da PF é uma ligação telefônica de Gomes com Bolsonaro, que teria ocorrido em dezembro de 2022, em uma última tentativa de recuperar o pacote de joias, no valor de R$ 16,5 milhões, retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A PF pretende descobrir o que foi conversado, pedido ou combinado. A depender do teor, a ligação pode implicar Bolsonaro ainda mais, pois estaria comprovado o primeiro contato pessoal do ex-presidente no caso.

O período da quebra de sigilo ainda não foi definido, pois pode ser desde 2021 ou somente a dezembro, último mês do governo Bolsonaro. Porém, a medida não se aplicaria, inicialmente, ao celular do ex-presidente. A PF ainda vai avaliar se há necessidade em pedir a quebra dele também.

Em depoimento à PF, Albuquerque muda versão

Bento Albuquerque prestou depoimento, à PF, nesta terça-feira (14), a respeito do escândalo das joias. O ex-ministro declarou, desta vez, que os estojos seriam “presentes de Estado”, entregues por um integrante oficial do governo saudita quando a delegação brasileira, chefiada por ele, se preparava para deixar o país.

Albuquerque afirmou, ainda, que os pacotes não foram abertos até a chegada dos integrantes da comitiva ao Brasil. Além disso, em nenhum momento, ele teria sido comunicado que as joias seriam para o casal Jair e Michelle Bolsonaro.

O ex-ministro destacou, também, que deu encaminhamento ao processo para tentar liberar as joias apreendidas pela Receita Federal, com o objetivo de que fossem incorporadas ao acervo do Estado.

Porém, esta versão é bem diferente do que ele mesmo afirmou anteriormente. Um vídeo, divulgado no dia 8 de março, gravado pelas câmeras do circuito interno do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, logo depois do desembarque da delegação, mostra Albuquerque dizendo: “Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama”.