*Matéria atualizada em 21/03/2023, às 19h26, para acréscimo do posicionamento do ex-deputado estadual Rodrigo Maroni
Presidente do Grupo de Trabalho criado pelo Ministério dos Direitos Humanos do governo Lula para para apresentação de estratégias de combate ao ódio e ao extremismo, a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) fez um desabafo nesta terça-feira (14) sobre violência política.
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Através de seu perfil no Instagram, Manu, como é conhecida, publicou um longo texto logo após uma audiência criminal que participou com seu ex-noivo, o ex-deputado estadual Rodrigo Maroni (PSDB). Em 2020, ambos disputaram a prefeitura de Porto Alegre (RS) e, ao longo da campanha eleitoral, Manuela sofreu inúmeros ataques machistas, com mentiras e provocações de cunho pessoal, feitos por Maroni em debates e entrevistas. Maroni se manifestou em nota enviada à Fórum [leia ao final da matéria]
"Hoje vivi mais uma etapa de enfrentamento à violência política. Uma audiência criminal contra o cidadão que valendo-se da suposta legitimidade por um dia ter se relacionado comigo usava todos os debates e entrevistas para mentir a meu respeito. É horrível ter que repetir e ouvir novamente tudo o que vivi nas eleições municipais de 2020. Mas é o caminho pra tentar alcançar um pouco de justiça", diz Manuela no início de sua publicação.
À época da eleição de 2020, Maroni chegou a sugerir em um debate que Manuela teria o traído e, em entrevistas, disparou inúmeras mentiras contra a então candidata e tentava desqualificá-la contando histórias da relação pessoal que mantiveram no passado.
"Hoje eu ergui a cabeça, enquanto chorava na sala de audiências e pensei na casualidade da audiência ser nessa data. Lembrei que o Congresso Nacional recebeu a proposta do Lula de que o dia 14 de março seja o dia Marielle Franco de enfrentamento à violência política de gênero e raça. Que as sementes jogadas por Marielle façam com que a gente consiga viver num país em que as mulheres possam fazer política com dignidade, sem violência de nenhum tipo", prossegue Manuela em seu desabafo.
Confira a íntegra do texto publicado pela ex-deputada
"Hoje vivi mais uma etapa de enfrentamento à violência política. Uma audiência criminal contra o cidadão que valendo-se da suposta legitimidade por um dia ter se relacionado comigo usava todos os debates e entrevistas para mentir a meu respeito. É horrível ter que repetir e ouvir novamente tudo o que vivi nas eleições municipais de 2020. Mas é o caminho pra tentar alcançar um pouco de justiça.
Meu amigo querido Márcio Cabral participou na condição de informante (quando se tem relação afetuosa com a vítima) e disse algo que me tocou profundamente: “o que a gente podia dizer pra Manuela depois dos debates? Seja forte? Eu sinto muito?!? Eu aprendi com a Manuela que ela não quer mais ouvir que precisa ser forte.”
É verdade. Eu cansei desse “seja forte” ou “você é forte”. Me parece absurdo. Exigem que nós, as vítimas, além de tudo sigamos como se isso não nos afetasse. Afeta. E muito. Emocionalmente e fisicamente. Nossa saúde mental e física.
Hoje eu ergui a cabeça, enquanto chorava na sala de audiências e pensei na casualidade da audiência ser nessa data. lembrei que o congresso nacional recebeu a proposta do @lulaoficial de que o dia 14 de março seja o dia Marielle Franco de enfrentamento à violência política de gênero e raça.
Que as sementes jogadas por Marielle façam com que a gente consiga viver num país em que as mulheres possam fazer política com dignidade, sem violência de nenhum tipo.
A foto é de um momento feliz porque, como eu disse no #8M, aprendi que com tanta violência que sofremos, manter-se feliz é revolucionário"
Outro lado
O ex-deputado estadual Rodrigo Maroni procurou a Fórum para manifestar sua opinião. Ele diz que reafirma as acusações que fez contra Manuela. Para ele, as acusações realizadas são "o natural da política". Nega que seja machista, afirma que teve "muitas namoradas feministas que poderia citar e muitas pessoas sabem disso". Por fim, Maroni acusa Manuela de se "vitimizar" e diz que foi convidado a escrever um livro onde vai repetir tudo.