FOI GOLPE

Manifesto assinado só por mulheres reforça que houve golpe contra Dilma

Documento, assinado por mais de 2 mil brasileiras, relembra o passo a passo do forjado “impeachment” que derrubou a 1ª presidenta do Brasil, recentemente defendido por Temer e por parte da imprensa

Dilma Rousseff recebendo a faixa de Lula.Créditos: Agência Brasil
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Um grupo com 2.087 mulheres assinou nesta quinta-feira (9) um manifesto político em que reitera a definição de “golpe” em relação ao forjado e bizarro processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, que levou o então vice-presidente Michel Temer (MDB), um dos protagonistas da ilegalidade, ao poder.

A iniciativa, segundo a socióloga Eleonaro Menicucci, que foi ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres no governo Dilma, foi dela, da pesquisadora Célia Watanabe e da jurista Magda Biavaschi, que por meio de um documento salientaram o caráter golpista dos atos promovidos por amplos setores da sociedade e do Estado que resultaram na quebra da ordem institucional então vigente no país naquele momento, preservada e respeitada desde a redemocratização.

“As mulheres, desde o golpe, estão indignadas pelo que foi feito com a primeira mulher eleita e reeleita presidenta do Brasil. Nós já fomos às ruas, já nos manifestamos, já protestamos. E fomos nós, mulheres, que primeiro amparamos esse conceito de que foi golpe o que se passou com Dilma Rousseff. No entanto, passado tanto tempo, recentemente o presidente Lula fez uma fala, numa cerimônia, dizendo houve um golpe contra Dilma, e que a partir dele surgiu Bolsonaro... O senhor Michel Temer, um golpista, respondeu então dizendo que não foi golpe, que tudo seguiu rumos e ritos legais, e nisso foi seguido pela Marta Suplicy, uma traidora que também reforçou essa história de que ‘não houve golpe, mas sim impeachment’, até para justificar o voto dela pelo golpe... Esse manifesto vem agora para endossar e mostrar que nós, a maioria das mulheres, ainda estamos na luta contra o golpe dado na ex-presidente e isso segue assim enquanto Dilma não for categoricamente absolvida, de forma oficial. É preciso responder a gente como Temer e Marta, porque isso é fundamental... Nós não reativamos esse assunto, nós apenas nos manifestamos como sempre, e há 2.087 mulheres de todo o espectro político, apartidárias, dos mais diversos setores, como da política, da academia, da intelectualidade, da imprensa, das artes, dos movimentos sociais, do campo, da floresta, das águas, da educação, enfim... É extremamente representativo retomarmos esse assunto e avisamos que o manifesto segue aberto para quem quiser assiná-lo na plataforma”, explicou a ex-ministra Eleonora Menicucci.

Quem quiser assinar o manifesto, após preencher um formulário, pode acessá-lo clicando aqui.

Reconhecimento, volta por cima e prestígio

Passados quase sete anos do farsesco processo de impeachment eivado de bizarrices que removeu a então presidenta Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, a antiga mandatária petista retorna aos holofotes após toda a execração a que foi submetida pela extrema direita e pelos meios de comunicação da chamada “grande imprensa”. E o retorno da primeira mulher a chegar à chefia do Estado no Brasil será triunfal.

Cotada para ficar lotada em alguma embaixada na volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma foi além e deve assumir um cargo com muito prestígio no cenário internacional: a de presidente do chamado “banco dos Brics”, o grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Oficialmente chamado de Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), atualmente a instituição, que tem sede em Xangai, na China, é comandada pelo brasileiro Marcos Troyjo, um bolsonarista que já se referiu a Lula como “presidiário”, fazendo a linha desbocada e estúpida do líder. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já informou a Troyjo que quer sua saída e o próprio não teria ficado chateado com a ideia, embora tenha mandato até 2025, sabendo de antemão que sua permanência por lá seria o prolongamento de uma saia-justa.

Os Brics são um bloco econômico e geopolítico importante, sobretudo para o Brasil que até uma década atrás tinha papel de destaque nas relações internacionais. Para Lula é vital que o protagonismo brasileiro retorne e para isso os Brics são uma peça fundamental. Tal importância pode ser aferida pela própria indicação de Dilma para controlar o banco que reúne esses cinco países.