A Polícia Federal (PF) está avançando nas investigações sobre os atos terroristas promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro no dia 8 de janeiro e encontrou evidências que podem incriminar definitivamente o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e outras autoridades.
Torres, que está preso desde 13 de janeiro, é Investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos golpistas em Brasília. Naquela data, ele era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e tinha viajado aos EUA.
No dia da prisão, a PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizou uma operação na casa do ex-ministro e encontrou uma minuta de um decreto para instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e alterar o resultado das eleições de 2022, que apontou vitória legítima do presidente Lula. O documento vem sendo chamado de "minuta golpista" e "minuta do golpe".
Em depoimento aos investigadores na quinta-feira (2), Torres disse que "não sabe e não tem ideia" de quem é o autor da minuta encontrada em sua casa e nem mesmo como ela foi parar lá. Ele afirmou, ainda, acreditar que uma funcionária, ao arrumar sua residência, tenha colocado a pasta com o documento em uma estante.
A PF, porém, encontrou no documento em questão diversas digitais, e agora trabalha através de um sistema de identificação para checar a quem elas pertencem. Dessa forma, os investigadores podem estabelecer quais pessoas tiveram contato com a minuta do golpe - o que poderia colocar a versão do ex-ministro em contradição.
Segundo a PF, o caso da minuta golpista pode estar diretamente ligado à denúncia feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) de que Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira teriam, em dezembro de 2022, planejado um golpe de Estado que consistiria em grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia seria tentar tirar do ministro alguma declaração comprometedora que o afastasse dos inquéritos que apuram atos antidemocráticos e levar a uma desestabilização política que justificasse a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular as eleições, conforme a minuta previa.