Fora do poder e se convertendo num estorvo diplomático para o Brasil, já que se “refugiou” ainda antes do encerramento de seu mandato numa mansão de Orlando, na Flórida, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta segunda-feira (27) do evento SA Summit 2023, nos EUA. Aos poucos, depois de todo o vexame transcorrido durante quatro anos de governo e do tumultuado fim de gestão, o líder de extrema direita começa a deixar o papel de “serenidade” dos últimos meses, após sua derrota para o agora presidente Lula (PT), retomando um violento e cínico discurso radical, no qual inclusive defendeu os terroristas que tentaram dar um golpe de Estado no país em seu nome, em 8 de janeiro, destruindo as sedes dos três poderes da República, em Brasília.
“No Brasil passou tudo a ser fake news, atentado contra o Estado Democrático de Direito... Nós temos agora, vai completar dois meses, 900 pessoas presas, tratadas como terroristas... Que não foi encontrado, quando foram presas, um canivete sequer com elas... E estão presas! Chefes de família, senhoras, mães, avós presas... E ontem o ministro da Justiça declarou: ‘São pessoas muito perigosas’. O Marcola não, trouxeram o Marcola pro convívio próprio dele agora no DF... Esse não tem perigo nenhum, mas essas pessoas que estão presas, 900 aproximadamente, são perigosas... ‘Ah, o Capitólio Brasileiro’... Quem tá preso aqui no Capitólio Americano? A grande maioria tá solta, tá respondendo processo, o devido processo... No Brasil não, não tem o formal de culpa, não tem testemunha, a grande maioria sequer estava na Praça dos Três Poderes naquele fatídico domingo, que nós não concordamos com o que aconteceu lá... Esse é o nosso Brasil”, disse o ex-mandatário extremista, sempre com o conhecido tom de indignação recheado de informações falsas e distorcidas, acenando para seus radicais.
Bolsonaro insistiu nas bravatas de que é um democrata que jamais sinalizou com qualquer ruptura institucional, mesmo diante dos inúmeros fatos incontestáveis que mostram que se tornar um ditador era seu plano desde os primeiros dias no Palácio do Planalto.
“Vocês não apontam uma medida minha fora das quatro linhas da Constituição ao longo de quatro anos. Se bem que eu era acusado o tempo todo de que eu queria dar um golpe. Acredito que se eu estivesse no Brasil, presente, no dia 8, com toda certeza iriam querer associar com muito mais força o que aconteceu no 8 de janeiro... Graças a Deus eu estava aqui, nos Estados Unidos”, disse.
Com a argumentação infantil e a bobajada habituais, o ex-presidente ainda tentou explicar que a clara tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 não se configurava como um golpe de Estado, mesmo estando explícito que seus fanáticos e violentos seguidores, em seu nome, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, destruindo tudo que encontravam pela frente, tentando remover o presidente Lula, eleito democraticamente, do poder.
“Golpe precisa ter um comandante, tem de ter tropa. Falam em terrorismo. Terrorismo... Terror. E a nossa legislação, quando fala em terrorismo, são coisas voltadas para racismo e xenofobia. E nada disso apareceu lá”, seguiu desconversando.
A velha ladainha repetida diariamente sobre uma suposta “perda da liberdade”, enquanto usava a temática para tentar suspender a democracia no país, também foi repetida pelo agora ex-governante.
“Querem agora calar as redes sociais no Brasil... Será realmente o marco de uma ditadura no Brasil... E agora vem acontecendo com esses 900 presos no Brasil. É inacreditável o que está acontecendo no Brasil... Se você falar 'urna eletrônica' ou se falar em vacina ou Covid, você é censurado, podendo até ser preso por causa disso. E nós estamos perdendo cada vez mais essa liberdade”, afirmou, repetindo a antiga e velha tática de usar um suposto direito de cometer despropósitos como exemplo do que ele julga ser “liberdade”.
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