Há quase 1 mês longe de Michelle Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu, durante discurso nesta quinta-feira (23) na igreja evangélica New Hope Church, em Orlando (EUA), desabafar sobre sua relação conjugal com a ex-primeira-dama.
Michelle, que acompanhou Bolsonaro em sua fuga aos EUA em 30 de dezembro de 2022, retornou ao Brasil sozinha no dia 26 de janeiro e vem tentando despontar como uma nova liderança evangélica e da extrema direita para, no futuro, concorrer a algum cargo eletivo.
Bolsonaro, por sua vez, com medo de ser preso, já que enfrenta inúmeros processos judiciais no Brasil, vem esticando sua estadia no país da América do Norte e, além de vagar sozinho por supermercados e lanchonetes, está, semanalmente, participando de eventos religiosos e da extrema direita estadunidense.
Foi em um desses eventos evangélicos, nesta quinta-feira, que Bolsonaro deu detalhes sobre seu casamento com Michelle - num momento em que reclamava da função que desempenhava como presidente, conforme já fez em outras ocasiões.
“No começo, eu falo: ‘Meu Deus, qual foi o meu pecado? Para estar sentado nessa cadeira. Só problemas.’ Por vezes, companheiro, você nem lembra que tem esposa. É verdade. Você chega em casa, ela [Michelle] está dormindo ou, quando ela sai, eu que estou dormindo”, disparou.
Na sequência, Bolsonaro sinalizou que pretende ser candidato à presidência mais uma vez. Ministros de cortes superiores, entretanto, dão como certa a inelegibilidade do ex-presidente.
“Mas [ser presidente] foi uma experiência que entendo como missão. E, se Ele assim entender, entendo que essa missão não acabou ainda”, pontuou.
Volta ou não volta?
Jair Bolsonaro, em entrevista recente ao The Wall Street Journal, dos EUA, afirmou que deve retornar em breve ao Brasil, mais especificamente em março, para "liderar a oposição" contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que "o movimento de direita não está morto" e "não há mais ninguém no momento" capaz de liderar esse grupo político.
O ex-mandário fugiu para o país da América do Norte em 30 de dezembro de 2022 e lá se encontra desde então. Na mesma entrevista ao jornal estadunidense, Bolsonaro chegou a admitir o medo que tem da prisão.
"Tem mais de 200 processos judiciais contra mim. Uma ordem de prisão pode surgir do nada", afirmou, revelando ainda que teme passar pela mesma situação que Michel Temer, preso em março de 2019, três meses após deixar a presidência.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, por sua vez, viajou aos EUA com Bolsonaro mas retornou ao Brasil antes do marido, em 26 de janeiro. "Disfarçada" com óculos escuros grandes e os cabelos presos em um shopping de Brasília na última quinta-feira (16), ela foi reconhecida e abordada pela jornalista Samanta Sallum, do Correio Braziliense, e desmentiu que seu esposo deve voltar ao país em breve.
“Ele não deve retornar agora. Acho que ele precisa descansar mais, continuar por lá. Estou com ele há 15 anos e nunca o vi descansar", declarou.
O fato de Bolsonaro permanecer tanto tempo nos EUA e falas sinalizando que pretende obter a cidadania italiana indicam que ele, de fato, não pretende retornar ao Brasil, já que é alvo de inúmeros processos judiciais que, em última instância, podem levá-los à cadeia.
O principal processo que pode fazer com que Bolsonaro seja preso é o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos terroristas promovidos por apoiadores do ex-presidente contra as sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro. O ex-mandatário é citado como um dos "mentores intelectuais" da tentativa de golpe de Estado e acusado de incitação ao crime - não só por colocar em xeque a lisura do processo eleitoral brasileiro, como também por não ter desincentivado o movimento golpista que usava seu nome.