CARTÃO DE VACINAÇÃO

Bolsonaro se vacinou ou não? Relembre o que o ex-presidente fez no dia da vacina

De acordo com a CGU, que quebrou sigilo de 100 anos sobre seu cartão de vacinação, o ex-presidente teria se vacinado em 19 de julho de 2021 na zona norte de São Paulo

Em coletiva de imprensa no dia 18 de março, início da pandemia, Bolsonaro se atrapalha ao colocar a máscara de proteção.Bolsonaro se vacinou ou não? Relembre o que o ex-presidente fez no dia da vacinaCréditos: Arquivo/Agência Brasil
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É de conhecimento público que além de ter tocado uma política desastrosa de combate a pandemia, responsável por quase meio milhão de mortos segundo pesquisadores ouvidos em 2021 na CPI da Covid-19, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não apenas falou contra vacinas, desestimulando a população a tomá-las, como jamais admitiu ter se vacinado. Ele até colocou um sigilo de 100 anos sobre o seu cartão de vacinação.

Com a derrota eleitoral e a consequente, e intranquila, ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, a Controladoria-Geral da União (CGU) começou a derrubar alguns dos diversos sigilos centenários impostos por Bolsonaro durante seu mandato. Em um deles, justamente o do cartão de vacinação, a CGU mostrou que o ex-presidente se vacinou em 19 de julho de 2021, com uma dose única do imunizante da Janssen na UBS Parque Peruche, localizada longe de Brasília, na zona norte de São Paulo.

No entanto, como tudo o que gira em torno do ex-presidente, muita gente desconfia que o cartão de vacinação possa ter sido fraudado. Nesse sentido, é preciso reconstituir a agente de Bolsonaro naquele dia.

De acordo com informações da coluna de Lauro Jardim, em O Globo, Bolsonaro havia desembarcado em Brasília na data anterior, em 18 de julho. Ele tinha acabado de receber alta de um hospital em São Paulo onde tratava de obstrução intestinal. Durante a internação teria sido aconselhado por aliados a baixar o tom nas declarações ofensivas e negacionistas e a se vacinar.

No dia da suposta vacinação, Bolsonaro amanheceu no ‘cercadinho’ do Alvorada, onde chamou o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, de “anta amazônica”, diante do ‘gado’. Também prometeu, e cumpriu mais tarde, vetar acesso ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aos partidos políticos. Mas o veto caiu após votações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Na conversa com apoiadores, o ex-presidente voltou a defender o uso de cloroquina e outros medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19. Também defendeu a tese de que a vacinação não deveria ser obrigatória.

Além disso, sugeriu que talvez não participasse das eleições de 2022 e que, se participasse e perdesse, “entregaria a faixa a qualquer um”. Como sabemos, ele mentiu duas vezes nessa declaração. Primeiro porque não apenas participou das eleições de 2022, como empregou uma quantidade de dinheiro público nunca vista em uma campanha para se reeleger. Segundo porque perdeu e fugiu para os Estados Unidos em 30 de dezembro a fim de evitar a passagem de faixa a Lula.

Fazendo uma rápida busca no Google, pelo verbete 'Bolsonaro' na data indicada, não há qualquer reportagem que aponte uma ida de Bolsonaro a São Paulo em 19 de julho. Pelo contrário, ele havia acabado de voltar da capital paulista no dia anterior. Bolsonaro chegou a criticar o então governador paulista, João Dória, por conta das políticas de lockdown e afirmou que o Brasil não vivia a inflação (outra mentira), uma vez que as "políticas do fica em casa" não foram adotadas pelo ser governo. Dória tinha acabado de se contaminar pela segunda com o Covid-19.

Das duas, uma: ou a carteira de vacinação do ex-presidente realmente foi fraudada e ele não se vacinou em 19 de julho de 2021; ou ele acatou os conselhos que recebeu no hospital dias antes e foi se vacinar às escondidas, evitando críticas dos seguidores mais negacionistas, na pequena e discreta UBS localizada no coração da zona norte da paulista.

*Com informações de O Globo.