OPORTUNISMO

Magno Malta usa caso "Choquei" e morte de Jéssica Canedo para atacar opositores

O senador compartilhou um texto bizarro onde se aproveita da tragédia alheia para lacrar

Magno Malta usa caso "Choquei" e morte de Jéssica Canedo para atacar opositores.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
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O senador Magno Malta (PL-ES) se aproveitou do caso "Choquei" e da trágica morte da jovem Jéssica Canedo, que cometeu suicídio após ser alvo de fake news e ódio, para atacar a esquerda.

Em um texto bizarro, Magno Malta afirma que a tragédia deve "colocar" o país "em estado de alerta", pois, segundo o senador, a esquerda pode usar o caso "Choquei" para "controlar a internet".

O parlamentar, que também é pastor, refere-se ao debate em torno da regulamentação das big techs, que ocorre no mundo todo e prevê a responsabilização das empresas em casos graves, como o da jovem Jéssica Canedo.

"A situação também nos coloca em estado de alerta. Sabendo do histórico da esquerda e a atual situação do Brasil, é um momento propício para que se utilizem desta tragédia para ampliar o controle da internet. Atualmente, já existem mecanismos jurídicos que podem e tenho certeza que vão fazer com que o culpado pague. Sufocar a liberdade de expressão não é a solução", escreve Magno Malta.

Para o senador, "a solução é denunciar, investigar e julgar os fatos com os mecanismos que já estão disponíveis em nosso ordenamento jurídico e que, quando bem utilizados, são efetivos".

Confira abaixo o texto compartilhado pelo senador Magno Malta:

 

O caso Choquei

Uma fake news que tira uma vida não é uma novidade. Há 9 anos, Fabiane Maria de Jesus foi espancada até a morte no Guarujá após uma notícia falsa que a retratou como uma suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra.

O caso de Jéssica Canedo é um pouco diferente.

Na semana passada, algumas páginas de fofoca, incluindo a Choquei - que conta com mais de 30 milhões de seguidores -, publicaram prints de uma suposta conversa entre a jovem de 22 anos de idade e o humorista Whindersson Nunes.

A informação foi desmentida por Whindersson, mas circulou o suficiente para causar dano moral a Jéssica. Ao longo de cinco stories feitos na última segunda-feira (18), ela desabafou sobre os problemas que enfrentou no último ano com sua saúde mental, afirmando que 2023 foi o ano mais difícil da sua vida

“Cuidado com o que vocês falam. Vocês não sabem como está o psicológico de quem está recebendo os xingamentos e as ameaças”, disse Jéssica.

 Na noite de sexta-feira (22), a família de Canedo informou que ela tirou sua própria vida.

"Infelizmente perdi uma amiga, por conta de mentiras, por conta de ataques na rede social. Amiga, que Deus te dê um bom lugar. Descanse em paz", publicou Vitória Santos, uma amiga de Jéssica.

A postagem com os prints falsos foi tirada do ar pela Choquei e por outras páginas de fofoca no Instagram e Twitter. Essas contas somam milhões de seguidores e movimentam uma quantidade enorme de dinheiro em publicidade e postagens patrocinadas.

Nas redes sociais, usuários criticam a Choquei e apontam que a notícia falsa divulgada pela página foi a causa da morte de Jessica.

Até as 'Notas da Comunidade do Twitter' afirmam que "a Choquei contribuiu com a morte da uma menina e está lidando como se nada tivesse acontecido, apenas apagou os posts. A morte da Jessica não pode ser esquecida".

Até o momento, não houve pronunciamento sobre o caso por parte da Choquei ou de seu fundador, Raphael Souza.

A extrema direita se aproveitou do posicionamento editorial pró-Lula da página de fofoca para criar um factóide em cima da morte de Jéssica Canedo.

Já os influenciadores progressistas afirmaram que o caso reforça a proposta do governo de regulamentar as redes sociais através do PL das Fake News.

"Já que o assunto é fake news e o impacto REAL na vida das pessoas, que tal abraçarmos novamente o PL 2630? Não adianta derrubar um perfil aqui, outro acolá, é preciso atuar na raiz do problema. A extrema-direita que tá pedindo a derrubada da conta Choquei tá preparada pra isso?", disse George Marques, assessor na Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República.