FIM DA CENSURA

Revista do Itamaraty, censurada por Bolsonaro por medo de críticas, tem nova edição

"Autoritarismo são as sombras e o silêncio", diz Mauro Vieira em artigo. Revista Juca, do Instituto Rio Branco, foi silenciada por Bolsonaro, enquanto Ernesto Araújo assinou Terça Livre, de Allan dos Santos, e canais olavistas.

Filipe Martins, Olavo de Carvalho, Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo e Eduardo Bolsonaro.Créditos: Twitter
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Com artigo do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a revista Juca, organizada pelos alunos do Instituto Rio Branco - que forma diplomatas - desde 2006, ganhou uma nova edição que deve ser divulgada nos próximos dias. A última edição havia sido publicada em 2018 com reportagem de capa sobre os "30 anos da Constituição Cidadã"

A publicação anual dos futuros diplomatas foi censurada a partir de 2019 por Jair Bolsonaro (PL). À época, o então presidente tinha medo de artigos críticos à diplomacia de seu governo, comandada pelo olavista Ernesto Araújo.

Ao mesmo tempo que censurou a revista dos futuros diplomatas, Araújo fez assinatura do canal Terça Livre, usado pelo blogueiro Allan dos Santos para propagar fake news e discurso de ódio bolsonarista. Para contratar o canal, o Itamaraty pagou R$ 15.309,00 a uma empresa que atuava agenciando a assinatura de jornais e revistas para órgãos públicos.

À época, o Itamaraty ainda assinou o canal Brasil Sem Medo e a Revista Estudos Nacionais, chefiados por seguidores de Olavo de Carvalho, além da Revista Oeste, que abriga extremistas que tiveram que deixar a Jovem Pan.

"Sombras e silêncio"

Em seu artigo, Vieira afirma que "a revista vem à luz após quatro anos de hiato, entre 2019 e 2022".

"Unindo seis turmas, a revista vem a luz após quatro anos de hiato, entre 2019 e 2022, e surge não somente como uma voz de resistência aos cerceamentos enfrentados e um suspiro de resiliência às dificuldades vividas, mas também um clamor de retomada da política externa", diz o chanceler.

Além de agradecer aos autores, o ministro se dirige "aos leitores e demais colegas, lembro que o projeto do autoritarismo são as sombras e o silêncio, enquanto a nobreza da democracia são as luzes e o debate de ideias".