Em depoimento à Polícia Federal, como parte do acordo de delação premiada que assinou, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelou que pelo menos três funcionários do governo utilizavam a estrutura oficial da Presidência da República, nomeadamente o Palácio do Planalto, para pôr em funcionamento o chamado “gabinete do ódio”, de onde toneladas de fake news e conteúdos gerados pelo então chefe de Estado era enviadas para redes sociais e grupos de WhatsApp e Telegram.
De acordo com as informações constantes no depoimento, que foi colhido em 28 de agosto, Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz seriam os citados por Cid como responsáveis por operar uma sala do Palácio do Planalto onde esse tipo de conteúdo agressivo era criado, sob comando do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do líder extremista. Os dois primeiros estavam lotados no gabinete pessoal de Bolsonaro, enquanto o último era funcionário nomeado na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
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Segundo informação revelada pelo g1, as informações dadas pelo tenente-coronel estão em total alinhamento com as suspeitas da Polícia Federal, de que o Planalto e a estrutura do governo federal eram usados pelos radicais de extrema direita, sob orientação direta do presidente e de seu filho, para os disparos de conteúdos ilegais e golpistas que atacam o STF e minavam a democracia brasileira.
Homologada em 9 de setembro pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a delação premiada do militar do Exército, um dos homens mais próximos de Bolsonaro durante seu mandato e que já ficou preso por quatro meses este ano, ainda não se tornou pública. Trechos dos depoimentos vêm aparecendo paulatinamente na imprensa após vazamentos.