FUGA DO PAÍS

Toffoli teria orientado Bolsonaro a deixar o país antes da posse de Lula, diz livro

A Toffoli, Bolsonaro ainda teria negado ser o responsável pelos acampamentos golpistas em frente aos QGs do Exército. "Quem mobilizou essas pessoas não fui eu. Então, eu também não posso desmobilizar". 

Bolsonaro acatou ideia de Dias Toffoli e fugiu do Brasil.Créditos: Reprodução/Governo Federal
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O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria sugerido ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que deixasse o país antes da cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após derrota nas eleições de 2022, de acordo com o livro O Tribunal - Como a Suprema Corte se uniu ante a ameaça autoritária.

O livro aponta que o magistrado teria dito: "Presidente, sua presença na cerimônia de posse só vai mostrar um país dividido, as pessoas vão vaiar", referindo-se ao evento no dia 1 de janeiro de 2023, que contou com mais de 160 mil apoiadores do atual presidente na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

O documento escrito pelos jornalistas Felipe Recondo e Luiz Weber teria mostrado que a relação de proximidade entre o ex-presidente do Supremo e Bolsonaro permaneceu intacta mesmo diante dos recorrentes ataques ao Judiciário. Toffoli recebeu Jair em sua residência, em outubro de 2020, em meio à abertura de ações referentes a atuação do Executivo em relação à compra de vacinas contra a Covid-19.

De acordo com o livro, quando mencionados os acampamentos de bolsonaristas – inconformados com a derrota nas eleições presidenciais – em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, Bolsonaro teria se isentado de culpa: "Quem mobilizou essas pessoas não fui eu. Então, eu também não posso desmobilizar". 

Diante da recusa do então presidente em assumir sua participação na inflamação do discurso golpista, o ministro teria recomendado, então, que Bolsonaro "saísse do país e deixasse Lula receber a faixa presidencial de outra pessoa".

Bolsonaro embarcou em um vôo da Força Aérea Brasileira (FAB) para Orlando (EUA) no dia 30 de dezembro de 2022, nas vésperas da posse de Lula. O objetivo foi de fugir da cerimônia e de eventuais pedidos de prisão preventiva por crimes cometidos durante o mandato, como a responsabilização pela incitação aos crimes de violência cometidos pelos bolsonaristas após a derrota eleitoral.

A relação entre Toffoli e Bolsonaro

Em 2009, Dias Toffoli chegou à Suprema Corte por indicação de Lula, durante o segundo mandato do presidente, na vaga aberta em decorrência do falecimento do ministro Menezes Direito. 

Nove anos depois, assumiu a presidência do STF e escolheu o general Fernando Azevedo e Silva para ser seu assessor, após indicação do general Eduardo Villas Bôas. O general teria recebido Toffoli para uma reunião para indicação para a assessoria do magistrado em agosto de 2018, dois meses antes da eleição do deputado federal Jair Bolsonaro à Presidência da República. 

Assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República durante o governo Bolsonaro, Villas Bôas ameaçou o STF durante julgamento de concessão de habeas corpus à Lula, em 2018. Ligado ao ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), Villas Bôas reuniu-se com Bolsonaro duas vezes para tratativas de golpe após a eleição de Lula.

Ainda em 2018, Toffoli se mostrou contente com a nomeação de Azevedo e Silva como ministro da Defesa de Bolsonaro: "É com muita alegria que vejo o anúncio do nome do general Fernando Azevedo e Silva para ministro de Estado da Defesa. Certamente sua larga experiência contribuirá para o fortalecimento da atuação das Forças Armadas, da segurança e da defesa no Brasil". O militar ficaria no cargo até março de 2021.