REPATRIADO

Zambelli e mais 200 são acionados na Justiça por ataques a Hasan Rabee; PF investiga ameaças

Brasileiro-palestino que estava em Gaza e foi resgatado pelo governo Lula vem sendo alvo de fake news que motivaram até mesmo ameaças de morte feitas por bolsonaristas

Carla Zambelli está entre as cerca de 200 pessoas que serão processadas por ataques a Hasan Rabee.Créditos: Fotos: Reprodução
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A advogada Talitha Camargo da Fonseca, que representa o brasileiro-palestino Hasan Rabee, um dos que compunha o grupo que estava na Faixa de Gaza e foi repatriado pelo governo Lula, anunciou que vai acionar a Justiça contra cerca de 200 pessoas que vêm promovendo ataques e ameaças contra seu cliente nas redes sociais. Entre esses detratores está a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP)

"Não vamos admitir discursos de ódio que encorajam a perpetuação de crimes", escreveu Talitha em suas redes sociais. Segundo a advogada, que pediu proteção a Rabee ao governo brasileiro, todos aqueles que ameaçaram ou encamparam discurso de ódio contra o brasileiro-palestino serão processados nas esferas civil e criminal. 

Nascido na Palestina, Rabee é comerciante em São Paulo (SP) desde 2014, quando saiu de Gaza para fugir dos ataques de Israel. Naquela época, conquistou sua cidadania brasileira, teve filhos e, no início de outubro deste ano, retornou à sua terra natal para comparecer ao casamento de sua irmã. Logo depois, entretanto, o conflito na região escalou novamente e ele passou mais de 30 dias tentando retornar ao Brasil, sob risco de ser morto em meio aos bombardeios israelenses. 

O brasileiro-palestino se tornou um rosto conhecido nas últimas semanas ao registrar, através das redes sociais, o dia a dia dos civis em Gaza diante da guerra. Repatriado pelo governo Lula, Rabee foi recebido calorosamente pelo presidente e, desde então, passou a ser alvo ataques da extrema direita brasileira.

Bolsonaristas como Carla Zambelli, o ex-secretário de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), entre outros, repercutiram nas redes sociais um vídeo sugerindo que Rabee teria ligações com terroristas. Tal associação foi feita com prints de supostas publicações do repatriado no Instagram com críticas a Israel e apoio a grupos de resistência da Palestina. As publicações em questão, entretanto, não constam no perfil de Hasan na rede social. 

Há, ainda, indícios de que as postagens utilizadas por bolsonaristas se tratam, na verdade de montagens. À Fórum, Hasan Rabee afirmou que está sendo alvo de fake news

"Isso é fake news. Eu sou favor da paz, da conversa e diálogo entra os os dois países. Meu Instagram está aberto para todos, podem checar. Para mim, eles vão tentar ainda mais coisas para atacar o trabalho que o presidente Lula vem fazendo", declara o brasileiro-palestino. 

As ameaças 

Entre as ameaças recebidas por Hasan Rabee a partir das postagens fomentando ódio feitas por bolsonaristas, estão mensagens como: 

"Vagabundo safado, te dou um pau se eu te encontrar na rua"; "Terrorista filha da p*, espero que você não venha para Florianópolis, seu m*"; "volte pra lá [Gaza] e aguente as consequências", "não queremos terroristas no Brasil", "vaza lixo terrorista".

Veja algumas delas: 

Reprodução

As mensagens ameaçadoras estão sendo enviadas pela advogada de Rabee à polícia e ao Ministério da Justiça, que informou, através da Secretaria Nacional de Justiça, que a Polícia Federal vai investigar o caso

Ministério dos Direitos Humanos

Em meio às ameaças contra Hasan Rabee, o Ministério dos Direitos Humanos, comandado por Silvio Almeida, divulgou uma nota fornecendo informações sobre seu Programa de Proteção. 

"O MDHC reforça a posição de que são condenáveis todas as manifestações de ódio ou ameaça, sejam elas contra quem for. Não há lugar para o antissemitismo, islamofobia ou qualquer tipo de preconceito ou discriminação", diz trecho do comunicado.