PARECE PIADA, MAS NÃO É

VÍDEO: De óculos escuros, Eduardo Bolsonaro faz performance bizarra em "espanhol"

Deputado tenta chamar a atenção de extremistas argentinos apoiadores de Javier Milei repercutindo a fake news sobre empréstimo à Argentina difundida pelo Estadão

Eduardo Bolsonaro veste óculos escuros e fala espanhol questionável para difundir fake news a argentinos.Créditos: /Reprodução
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez uma performance bizarra nesta sexta-feira (6). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou, através das redes sociais, um vídeo em que aparece de óculos escuros e tentando falar em espanhol para chamar a atenção de argentinos extremistas que apoiam o candidato Javier Milei à presidência da Argentina. 

"Esta interferência do Foro de São Paulo na eleição argentina não pode ficar impune", escreveu Eduardo junto ao vídeo em que repercute a fake news difundida pelo Estadão sobre um empréstimo à Argentina. 

No vídeo excêntrico, o parlamentar se apresenta como advogado, policial federal e "deputado federal mais votado da história do Brasil" antes de citar a reportagem do jornal paulista que foi desmentida pelo governo Lula

"A ideia de Lula é bloquear o avanço do candidato de direita Javier Milei e favorecer o candidato de esquerda Sergio Massa", afirma Eduardo Bolsonaro, endossando uma notícia falsa

Veja o vídeo

Fake news desmentida 

Em audiência na Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (4), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, fez cair por terra as fake news divulgadas em reportagem do jornal O Estado de São Paulo sobre um empréstimo à Argentina. 

Segundo a matéria em questão, assinada pela jornalista Vera Rosa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria atuado diretamente para emprestar US$ 1 bilhão à Argentina com o objetivo de ajudar o ministro da Economia e candidato peronista à presidência, Sergio Massa, e impedir a vitória do extremista de direita Javier Milei. 

Mais cedo, em entrevista à CNN, a ministra já havia desmentido a informação do jornal de que teria recebido um telefonema de Lula no qual o presidente teria pedido para que ela liberasse o empréstimo à Argentina através da Comunidade Andina de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina. Tebet é a governadora brasileira no banco multilateral. 

Questionada sobre o assunto na comissão da Câmara, Simone Tebet, em menos de 2 minutos, desmentiu ponto a ponto da reportagem. De acordo com o Estadão, Lula teria atuado diretamente para conceder o empréstimo à Argentina, mas isso não é verdade. A liberação do valor foi aprovada em 28 de julho pelos países que compõem o banco com 19 votos dos 21 possíveis, para além do voto brasileiro. 

"O presidente Lula não me ligou, não entrou em contato comigo. O que é natural, eu sou governadora desses bancos e eu simplesmente voto num banco que não é brasileiro, cujo dinheiro não é do Brasil. Nós temos 8% de participação, mas não é dinheiro, e a CAF se reúne exatamente com um banco para ajudar os países da América Latina. Minha secretária, por minha determinação, foi autorizada a votar favoravelmente como 20 dos 21 países votaram favoravelmente. Todos os países que fazem parte da CAF, deste banco que não é nosso, não tem dinheiro federal brasileiro lá, não estamos tirando dinheiro do Brasil para colocar lá, e temporariamente, e portanto, nós aprovamos. Tanto é verdade que a Argentina já pagou o banco", pontuou Tebet. 

Entenda o caso 

A Secretaria de Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou, nesta quarta-feira (4), uma nota em que desmente uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo, assinada por Vera Rosa, sobre um empréstimo à Argentina. Segundo a matéria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria atuado diretamente para emprestar US$ 1 bilhão ao país vizinho com o objetivo de ajudar o ministro da Economia e candidato peronista à presidência, Sergio Massa, e impedir a vitória do extremista de direita Javier Milei. 

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também desmentiu o conteúdo da matéria do Estadão em entrevista à CNN Brasil. Isso porque a reportagem do jornal paulista afirma que a ministra teria recebido um telefonema de Lula no qual o presidente teria pedido para que ela liberasse o empréstimo à Argentina através da Comunidade Andina de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina. Tebet é a governadora brasileira no banco multilateral. 

“Lula não me ligou (...) Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor", disse Tebet. 

A ministra se refere à votação feita pelos países membros do CAF com relação a um empréstimo solicitado pela Argentina no valor de US$ 1 bilhão para suprir sua escassez de reservas. Segundo o Estadão, Lula teria atuado diretamente para conceder o empréstimo à Argentina, mas isso não é verdade. A liberação do valor foi aprovada em 28 de julho pelos países que compõem o banco com 19 votos dos 21 possíveis. 

"Diferentemente do que vem sendo repercutido, o empréstimo de 1 bilhão de dólares feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) não teve intervenção do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Também ao contrário do informado, o Chefe de Estado brasileiro não conversou sobre o empréstimo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet", diz um trecho da nota da Secom. 

O governo brasileiro explica que a Argentina apresentou o pedido de empréstimo-ponte à instituição financeira, que por sua vez convocou os países acionistas do banco para apreciar o pedido em julho de 2023.

"O Brasil possui 8,8% do capital da instituição e é seu quarto maior acionista, atrás de Colômbia, Peru e Argentina. O CAF é um banco multilateral de desenvolvimento, hoje com uma carteira ativa de mais de US$ 4 bilhões de empréstimos para o Brasil. A decisão pelo empréstimo do CAF à Argentina foi aprovada em 28 de julho pela diretoria do banco formado pelos países membros. O empréstimo foi aprovado com 19 votos dos 21 possíveis. O Brasil possui um voto, enquanto outros cinco países (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) possuem dois votos", prossegue o comunicado do Palácio do Planalto. 

Além do empréstimo à Argentina não depender exclusivamente do governo brasileiro, o país vizinho já quitou totalmente a dívida com o banco multilateral, em 25 de agosto - 5 dias antes do previsto.