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Advogado relata ocaso de Sergio Moro a partir de suas idas a um restaurante de Curitiba

Morador da capital paranaense, ele explicou como é possível mensurar a perda total de prestígio do ainda senador por meio de sua vida social. Leia

Créditos: /Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O advogado paranaense Wilson Ramos Filho, o Xixo, morador de Curitiba (PR), escreveu um interessante artigo pelo qual é possível mensurar o ocaso do outrora todo-poderoso Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Lava Jato e senador da República aguardando cassação, por meio de sua vida social na capital paranaense.

A ferramenta usada para a análise tem como cenário um aristocrático restaurante curitibano, frequentado pela elite da cidade e onde Moro já teve dias de glória. Agora, ao que consta, segundo relato de Wilson, o ostracismo impera. Leia o texto:

Em Curitiba costuma-se almoçar fora aos domingos. Um dos restaurantes mais procurados pela oligarquia local, e por parte da pequena burguesia intelectualizada (onde me incluo) chama-se Tartini, na Praça Espanha. O serviço oferecido é de bufet: saladas, pratos quentes, grill e massas, ao custo de R$ 120,00 por pessoa, sem bebidas alcoólicas.

O virtual ex-senador Sérgio Moro é frequentador assíduo, segundo me informaram. Cruzei com ele lá nas poucas vezes em que estive no Tartini.

Na primeira vez, logo depois da ilegal condução coercitiva espetacularizada pela mídia tradicional, fiquei chocado. O restaurante inteiro aplaudiu a chegada do juiz incompetente e parcial, alguns até levantando para tietá-lo.

Na outra vez, com Lula já preso injustamente em Curitiba, presenciei a chegada do juiz e sua esposa, cercado de quatro guarda-costas, vestidos com ternos pretos, óculos escuros e equipamentos de comunicação entre eles. Parecia coisa de filme de máfia. Novamente foram aplaudidos de pé, uma coisa bem cafona. Daquelas de causar vergonha alheia.

Ontem foi a terceira vez. Já estávamos almoçando quando eles chegaram. O casal de políticos estava acompanhado da filha e do genro, aquele que é também filho do desembargador lavajateiro do TRF4, que não se deu por impedido. A subcelebridade desmoronou.

Diferentemente do que presenciei nas oportunidades anteriores, desta vez esperaram vagar mesa, como os demais. Todavia, não perderam a arrogante empáfia: entraram no salão sorridentes, mas ninguém sequer lhes dirigiu olhares simpáticos. Não houve aplausos. Verdadeiramente as pessoas fingiram não os terem reconhecido. Anônimos. Já não são celebridades. Quando o Moro foi se servir ficou sozinho no balcão do buffet. As pessoas preferiram não se aproximar enquanto ele estava lá. Apenas um advogado de bandidos, daqueles folclóricos que aparecem malvestidos e cabelos pintados de acaju nos programas policiais da televisão sustentando improváveis inocências, trocou amenidades, por um instante, com o ex-juiz, outrora paparicado pela elite curitibana. Não destoavam. Ambos pareciam não serem dali. Não ornavam com o lugar.

O ainda senador pelo Paraná possivelmente será cassado 

pelo TRE em novembro. Por abuso de poder econômico. Quem frequenta aquele restaurante sabe disso. E que haverá eleição complementar para Senador em 2024, na vaga hoje ocupada por ele, juntamente com as próximas eleições municipais. Ele já não é mais útil. O guaramputa em eterno conflito com a língua portuguesa, de voz de marreco, foi descartado. É um zumbi em Curitiba. Bem-feito.

Nesta semana, em São Paulo, aquela família horrorosa que almoçou na mesa ao lado da nossa, no domingo passado, será muitas vezes lembrada na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, em evento do Museu da Lava Jato. Alguns dos maiores intelectuais brasileiros produzirão um demolidor balanço crítico da Lava Jato, com transmissão ao vivo: https://bit.ly/3Qr5jsV .

O marreco será desossado, merecidamente. Se puderem, compartilhem o link acima com os amigos.