A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (20) dois ex-agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que atuaram na gestão Jair Bolsonaro (PL), por espionagem, fazendo uso indevido do sistema de geolocalização como meio de coerção indireta para evitar a demissão.
"Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei", diz a PF em nota.
Outros cinco agentes da Abin foram afastados de suas funções. Eles atuaram sob o comando do atual deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) durante o governo Bolsonaro.
Os atos fazem parte da operação Última Milha, deflagrada pela PF, que cumpre ainda 25 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
As medidas foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo as investigações, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
A PF afirma ainda que os dois agentes presos teriam usado o sistema "em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar" e que eles "teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão".