Quando votou a favor do impeachment da presidenta Dilma, o deputado Jair Bolsonaro fez uma homenagem infame ao coronel Brilhante Ustra, militar que teve o carimbo de torturador reconhecido pela Justiça.
Isso já seria hediondo, mas Ustra foi ainda mais repulsivo, pois sequestrou filhos de prisioneiros para que assistissem aos pais torturados.
O relato é de Maria Amélia Teles. Teles tinha 26 anos e estava presa no DOI-CODI, em São Paulo, onde vinha sendo barbaramente torturada há dias. Na sala também estava seu marido, Cesar Teles, recém saído do estado de coma decorrente de torturas sofridas no pau-de-arara.
Foi quando o coronel Carlos Aberto Brilhante Ustra entrou na sala trazendo os dois filhos do casal — Edson, à época com 5 anos, e Janaína, com 4 — para verem o pai e a mãe nua, suja de sangue, vômito e urina, na cadeira do dragão, uma espécie de cadeira elétrica para tortura.
"Minha filha perguntava: 'mãe, por que você ficou azul e o pai verde?' Meu marido entrou em estado de coma e quando saiu estava esverdeado. E eu estava toda roxa, cheia de hematomas e ela viu aquela cor roxa como azul. Meu filho até hoje lembra do momento em que eu falava 'Edson' e ele olhava para mim e não sabia que eu era a mãe dele. Estava desfigurada", recorda Amelinha, como é conhecida.
Sempre é preciso aproveitar as oportunidades para lembrar e não esquecer, porque como diz a frase de Brecht, "a cadela do fascismo está sempre no cio".
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