É impressionante como a cobertura da mídia corporativa ocidental faz vista grossa para Israel e demoniza os palestinos como terroristas. Isso vai aos mínimos detalhes, como mostra a imagem a seguir, que é print de um programa de TV do Canadá.
Até os mortos da mesma guerra são separados. Os israelenses foram mortos. Os palestinos são apenas "mortos", morreram. Imagine se Israel iria to kill alguém...
Essa sutileza — melhor, esse cinismo — me faz lembrar de um policial bandido do Rio, Mariel Mariscot, que dizia que ele não matava ninguém. "Eu só faço o furo, quem mata é Deus".
Até o principal jornal de Israel, Haaretz, acha que os israelenses não têm culpa de nada. Em editorial no último domingo eles declararam solenemente:
“O desastre que se abateu sobre Israel no feriado de Simchat Torá é de clara responsabilidade de uma pessoa: Benjamin Netanyahu”.
Embora já seja relevante que o jornalão israelense não esteja jogando toda a culpa nas costas dos palestinos, é forçar a barra demais jogar tudo nas costas de Netanyahu, como se os israelenses não tivessem nada a ver com isso.
Netanyahu é o primeiro-ministro que esteve mais tempo no comando de Israel: de 1996 a 1999 e de 2009 a 2021, e de 2022 até o momento. Todas as vezes eleito em eleições democráticas.
O mundo inteiro sabe o que Israel vem fazendo com os palestinos e a Palestina (embora muitos finjam que não). Grande parte desse tempo com Netanyahu no comando. Eleito pelo povo israelense, como o foi da última vez há 10 meses.
A solução dos dois Estados, muito em razão do poder dado pelos israelenses a Netanyahu, que já foi um sonho possível (e é uma determinação da maioria das nações não cumprida por Israel) está cada vez mais distante. Por decisões tomadas por Israel, que vem anexando terras palestinas a seu território original.
Até quando Israel e seu povo vão continuar botando culpa nas costas dos "terroristas" ou, agora, em Netanyahu?
É preciso que os israelenses assumam que a morte dos palestinos não é "coisa da vida", é por balas, mísseis, bombas de fósforo disparadas por soldados israelenses, balas, mísseis, bombas, armas, uniforme, treinamento, rancho, tudo com o dinheiro dos impostos dos israelenses e dos países que os apoiam, todos tão responsáveis por todas as mortes (de palestinos e israelenses) quanto os soldados que atiram ou lançam bombas e mísseis.
E o Ocidente tem que parar de fechar os olhos para os crimes de Israel e dar força ao cada vez maior número de israelenses contrários a essa política genocida e favoráveis a um acordo de convivência com os palestinos.
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