CAPITÃO FUJÃO

Conheça um dos prováveis destinos de Bolsonaro

Com medo de prisão, ex-presidente não deve voltar ao Brasil; Será que fica nos EUA ou cruza o Atlântico para a Hungria de Orban ou a Itália de Meloni?

Jair Bolsonaro (PL).Conheça um dos prováveis destinos de BolsonaroCréditos: Agência Brasil
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Temendo um futuro pedido de prisão no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acatou conselho de aliados após crises de choro em último jantar no Alvorada, e se mandou para a Disneylândia na última semana. Ele agora se empanturra de sushis e pizzas na mansão do ex-lutador de MMA José Aldo, na Flórida (EUA), enquanto pensa em uma saída.

O ex-presidente está ciente que não demorará muito até que Alexandre de Moraes ou outro ministro do Supremo Tribunal Federal peçam sua prisão. Ele já foi apontado pela Polícia Federal como tendo cometido crime no caso da live em que relacionou a vacina da Covid-19 com Aids. Além disso, a lista de processos que deve enfrentar tanto no STF como na Justiça Comum é bastante extensa e reflete mais 30 anos de foro privilegiado, contando o mandato presidencial e os legislativos.

Levando tudo isso em consideração, é bem provável que o recente apelido que o ex-presidente ganhou de aliados, “Capitão Fujão”, continue se fazendo presente. Sua volta para o Brasil é improvável. E um dos possíveis destinos, além dos Estados Unidos, que podem ficar perigosos caso o blogueiro Allan dos Santos seja extraditado para o Brasil, é a Itália. A principal razão vai muito além da origem italiana do ex-presidente.

De acordo com matéria publicada no Metrópoles, em novembro passado o clã reunia documentos para fazer um pedido de passaportes italianos. Nesta semana, o Brasil 247 procurou a Embaixada Italiana, que não negou e nem confirmou a informação - apenas limitou-se a dizer que mantém o sigilo sobre esse tipo de pedido.

Em 2021, o próprio Bolsonaro recebeu o título de cidadão honorário italiano da prefeitura de Anguillara Veneta, pequena cidade de seus ancestrais no norte da Itália. O pequeno município, por ironia do destino, se destaca na região como um reduto esquerdista. E revoltados com a honraria citadina a Bolsonaro, os cidadãos protestaram entoando cantos de “Salvini cretino, Bolsonaro assassino”. Salvini é a liderança da Lega Nord, o partido local de extrema-direita.

Mas apesar do rechaço na pequena e pessoalmente simbólica cidade, o ex-presidente não precisará ir até a Hungria de Orban para encontrar pares. Isso porque O bloco de extrema direita italiano venceu a eleição de setembro passado e alçou à condição de primeira-ministra do país Giorgia Meloni, líder do partido "Fratelli d'Italia", legenda considerada neofascista e herdeira do Movimento Social Italiano (MSI), que surgiu também propagando ideias neofascistas após a Segunda Guerra Mundial

Aos 19 anos, Meloni chegou a afirmar em entrevista que o ditador italiano Benito Mussolini era "um bom político" e ainda hoje faz elogios ao ditador fascista - apesar de negar que seu governo será uma nova guinada ao fascismo. Recentemente, a nova-primeira ministra da Itália nomeou Galeazzo Bignam para um cargo de ministro júnior no governo. Em 2016, Bignam foi flagrado em uma fotografia usando uma braçadeira de suástica nazista. 

Giorgia Meloni liderou a fundação do partido de origens fascistas "Irmãos da Itália" no final de 2012 e, ao longo de sua campanha de 2022, adotou o "Deus, Pátria e Família", lema herdado do próprio Mussolini e repetido pelo brasileiro. Sua vitória representou a ascensão do governo mais direitista italiano desde Benito Mussolini. A primeira-ministra italiana, assim como Bolsonaro, se coloca contra o que chama de "lobbies LGBTQIA+" e promete, ainda, fechar fronteiras para proteger seu país da "islamização". 

Não à toa, quando Meloni venceu a eleição italiana, Bolsonaro foi às redes sociais para comemorar: "Eu vi parte do discurso dela. Ela se elegeu com o slogan de ‘Deus, pátria e família’. Parabéns à Giorgia, essa onda seria boa pegar no mundo todo, ‘Deus, pátria e família’ para nós termos aí uma liberdade a mais”, declarou. “O que ela fala lá é perfeitamente igual ao que nós falamos aqui", completou.