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Quem é o maior doador de campanha do governador de Roraima

Bolsonarista Antonio Denarium, que minimizou a crise humanitária yanomami e deu declarações inacreditáveis sobre a tragédia, foi bancado eleitoralmente com qual interesse?

Jair Bolsonaro e Antonio Denarium.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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O governador de Roraima, Antonio Denarium, um bolsonarista de primeira hora que propagou o ideário de extrema direita do ex-presidente em seu estado, deu declarações no domingo (29) sobre a crise humanitária do povo Yanomami que indignaram o Brasil. Minimizando a vergonhosa tragédia indígena, revelada ao mundo com fotos e vídeos de crianças, mulheres e idosos totalmente desnutridos e com aspecto cadavérico, resultado da criminosa negligência e da violência imposta pelo garimpo descontrolado na região, o chefe do Executivo roraimense disse que a calamidade “não é exclusiva de Roraima”, é “restrita a alguns grupos” e que o problema “ocorre há décadas”, eximindo de culpa Jair Bolsonaro (PL).

Diante dos absurdos proferidos, dentro dos quais fez até piada com a campanha de distribuição de alimentos no estado que governa da Central Única das Favelas, a Cufa, uma dúvida pairou no ar: quem foi o maior financiador de campanha do governador reeleito que discursa contra indígenas e a favor dos garimpeiros?

Na busca por um novo mandato à frente do governo de Roraima, Denarium recebeu R$ 150 mil de Milton Steagall, o CEO da empresa Brasil Bio Fuels (BBF), que enfrenta acusações de ataque ao povo indígena Tembé, que ocupa uma área no Pará. Homens, mulheres e crianças da Terra Indígena Turé-Mariquita teriam sido alvo de disparo por parte de seguranças fortemente armados que entraram no território indígena, no ano passado.

Em outubro de 2021, produtores de dendê do Vale da Bucaia, também no noroeste do Pará, denunciaram que pistoleiros da empresa prenderam e torturaram uma parte desses trabalhadores, em decorrência de uma disputa de terras na região. A BBF alega que compro a fazenda que antes era propriedade da Biopalma e que invasores “vinham impondo terror” no perímetro, “roubando os frutos” e impedindo o serviço dos funcionários da empresa.

“Um grupo se aproximou de nós, muito fortemente armado, da empresa BBF, atirando contra os agricultores; estavam lá mais de 20 agricultores. Fomos empurrados, agredidos pelos seguranças. Fomos amarrados, (usaram) spray de pimenta. Passamos deitados, ali no chão, (por) cinco horas”, denunciou à época Marcos Nunes Pinto, que é integrante da Associação de Agricultores e Produtores de Dendê do Vale da Bucaia.