POLÍTICA "FREESTYLE"

Com mandato em risco, Moro diz que PL de seu aliado Bolsonaro quer "ganhar no tapetão"

Ex-juiz, que chegou a atuar como conselheiro de Bolsonaro em debates na última eleição e que fez campanha para o ex-presidente, é acusado de corrupção em ação que pede a cassação de seu mandato

Moro na comitiva de Bolsonaro em debate das eleições 2022.Créditos: Reprodução/Band TV
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Sergio Moro (UB-PR) faz a "política freestyle". Isto é, não tem coerência partidária, não sabe exatamente o que quer e atua somente em prol de seu nome, sua carreira e de mais ninguém.

O ex-juiz, que começou a fazer política ainda na magistratura conduzindo processos viciados e que só foi candidato a senador pelo Paraná após ter suas candidaturas à Presidência e ao Senado por São Paulo vetadas, deu mais um exemplo de seu estilo "peculiar" nesta sexta-feira (27) ao dizer que o PL, partido de seu aliado Jair Bolsonaro, quer "ganhar no tapetão"

Ex-ministro da Justiça do governo anterior, Moro ficou rompido com o ex-presidente por um período, mas reatou os laços no segundo turno das últimas eleições, chegando a atuar como conselheiro de Bolsonaro em debates. Acontece que o PL, legenda de seu amigo, é também a sigla de Paulo Martins, que ficou em 2º lugar na disputa paranaense pelo Senado que Moro venceu. Agora, o PL está com uma ação na Justiça Eleitoral apontando corrupção na campanha do ex-juiz e pedindo a cassação de seu mandato. 

Naturalmente, Moro não gostou nem um pouco e, por isso, foi às redes sociais para se defender, dizendo que o PL "lança inverdades" - omitindo, porém, o fato de que está atacando a legende de Bolsonaro, por motivos um tanto quanto óbvios. 

"Fiz uma campanha limpa e fui eleito com os votos de 1.953.159 paranaenses. Alguns tentam lançar inverdades para tentar ganhar no tapetão e calar a oposição independente. Desinformação se combate com a verdade, por isso compartilho a entrevista de meu advogado Gustavo Guedes", escreveu o senador eleito que, antes mesmo de assumir o mandato, já tem sua legislatura em risco

Ação do PL 

O Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusa o ex-juiz Sergio Moro de cometer abuso de poder econômico, beneficiando-se da prática de caixa dois durante a última campanha eleitoral que o elegeu senador pelo Paraná. A legenda ainda pede a cassação do mandato de Moro.

“O que se inicia como uma imputação de arrecadação de doações eleitorais estimáveis não contabilizadas, passa pelo abuso de poder econômico e termina com a demonstração da existência de fortes indícios de corrupção eleitoral”, diz o PL na ação.

Para a legenda, o suposto abuso de poder econômico de Moro teria gerado um desequilíbrio que influenciou no resultado final. Moro obteve 1,9 milhão de votos, cerca de 33% do eleitorado e apenas 200 mil votos a mais que Paulo Martins, o candidato do PL.

O partido ainda defende que a pré-candidatura à presidência de Moro pelo Podemos teria sido um subterfúgio para burlar a legislação e o teto de gastos na disputa pelo Senado. A vaga de senador seria o objetivo principal do ex-juiz e toda a movimentação da pré-candidatura presidencial, mero teatro de aparências.

Aberto no último dia 23 de novembro, o processo movido pelo PL corria em sigilo de justiça. No entanto, uma decisão do desembargador Mário Helton Jorge, relator do processo no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, retirou o sigilo em 17 de janeiro. A ação é assinada pelos advogados Guilherme Ruiz Neto, Bruno Cristaldi, Marcelo Delmanto Bouchabki e Nathália Ortega da Silva.

O PL ainda  apontou que se somados os gastos da pré-campanha de Moro à presidência aos da campanha ao Senado, o custo total giraria em torno de R$ 6,7 milhões. O teto para a campanha ao Senado é de R$ 4,4 milhões. Além disso, também foram citados contratos vinculados à campanha que seriam utilizados nas práticas denunciadas, como um contrato de R$ 1 milhão assinado com o escritório de advocacia de um suplente de Moro.