Durante os últimos anos o Brasil teve que conviver com uma dantesca e inacreditável prática recorrente, com custo milionário e bancada com recursos públicos, sem que nada tivesse de oficial e também sem resultados governamentais: as chamadas “motociatas” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um pandemônio motociclístico em que o radical reunia as hostes mais reacionárias do seu eleitorado para fazer arruaça e atrapalhar o trânsito das cidades brasileiras.
Não é um número exato ainda compilado desses “encontros”, que invariavelmente terminavam em grotescos discursos golpistas e de incitação à violência contra adversários políticos, mas é possível afirmar que eles ocorreram às várias dezenas, por praticamente todos os estados do país. Sorridente e sem capacete (o que é infração no país), o radical de extrema direita que “governou” o Brasil nos últimos quatro anos pagava os custos assustadores de sua extravagância nababesca com o cartão corporativo da Presidência da República.
Uma reportagem do diário carioca O Globo, desta segunda-feira (23), mostra que cada “brincadeira” de Bolsonaro, deslocando avião, helicóptero, seu séquito de guarda-costas, assessores e bajuladores, hospedagem e combustível para as motos custava, em cada episódio 'motociático', mais de R$ 100 mil. Ele levava mais de 300 pessoas para cada viagem e bancava toda a farra usando os cofres públicos.
Só para se ter uma noção, uma motociata realizada no Rio de Janeiro em maio de 2021 saiu ao custo, para o cartão corporativo da Presidência, de R$ 116 mil. O absurdo era tamanho que, para os voos da FAB que Bolsonaro usava se deslocando para as cidades onde passearia de moto contratava-se um “serviço de comissaria”, que consistia em bebidas e comidas para servi-lo na aeronave durante o trajeto de ida e volta, que saía por R$ 4 mil por viagens. Tudo pago nos cartões do governo.