Pouco antes de deixar o governo e fugir para os Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro criou uma "boquinha" muito bem remunerada para alguns de seus aliados. Em decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 23 de dezembro, o então mandatário aumentou o salário dos cargos de adido tributário e aduaneiro e auxiliar de adido, equiparando-os à remuneração de ministro de primeira classe.
O movimento foi feito para que, no dia 30 de dezembro, quando Bolsonaro já estava nos EUA, o então presidente em exercício Hamilton Mourão publicasse no DOU um novo decreto, nomeando quatro dirigentes da Receita Federal para esses cargos com salários turbinados em cidades do exterior.
O ex-secretário especial da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes, foi designado para um posto em Paris, na França, com salário de embaixador, e outros três dirigentes foram designados para cargos do tipo em Bruxelas (Bélgica), Buenos Aires (Argentina) e Abu Dhabi (Emirados Árabes).
A mamata, no entanto, mal deu tempo de começar e já acabou. Em decreto publicado no DOU nesta segunda-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, tornaram as nomeações de Bolsonaro e Mourão sem efeito, impedindo assim que os dirigentes da Receita ocupem os postos no exterior e recebam os salários.
Aqueles que já estavam em cidades do exterior, pela canetada de Lula e Haddad, terão que retornar ao Brasil em, no máximo, 30 dias.