QUASE 20 ANOS DEPOIS

Exoneração de Heleno é a segunda "demissão" do general feita por Lula; entenda

Fato ocorrido em 2005, durante o primeiro mandato de Lula, pode explicar origem do antipetismo fervoroso do agora ex-chefe do GSI

Exonerado, Heleno já foi "demitido" por Lula em outra ocasião.Créditos: Câmara dos Deputados/Exército Brasileiro/Divulgação
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Neste domingo (1), o general Augusto Heleno foi exonerado da chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cargo que ocupou durante os 4 anos de governo Bolsonaro. A exoneração do militar, um dos mais bolsonaristas do primeiro escalão da última administração, foi publicada em decreto no Diário Oficial da União (DOU) assinado pelo ex-vice-presidente Hamilton Mourão

Apesar de Mourão ter assinado, a "demissão" de Heleno foi, naturalmente, uma imposição, ainda que indireta, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu o poder no mesmo dia e alterou toda a estrutura dos ministérios, incluindo o GSI. 

Esta, portanto, é a segunda vez que Lula "demite" Heleno. Isso porque em 2005 o petista, no segundo ano de seu primeiro mandato como presidente, afastou o general do comando da missão brasileira no Haiti. À época, o Exército brasileiro chefiava uma operação de "paz" da Organização das Nações Unidas (ONU) que tinha o objetivo de garantir a estabilidade no país caribenho em meio turbulências políticas e sociais. 

Em julho daquele ano, as tropas do Exército brasileiro fizeram uma operação de "pacificação" na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, e ao menos 63 pessoas foram assassinadas por uma tropa com mais de 300 homens - outras 30 ficaram feridas. O caso foi classificado como um verdadeiro massacre e geraram inúmeras críticas de organizações dos direitos humanos. 

Diante de uma denúncia protocolada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) com base em depoimentos de haitianos e de um relatório do Centro de Justiça Global e da Universidade Harvard (EUA), apontando abuso dos militares brasileiros, a ONU teria solicitado ao governo brasileiro, segundo revelou fonte do Ministério da Defesa ao Brasil de Fato, o afastamento de Augusto Heleno, que comandou as tropas, de seu posto. Lula, então, substituiu Heleno no comando da missão pelo general Urano Bacellar

Para pessoas próximas ao alto comando militar brasileiro, foi neste momento que Heleno passou a nutrir o fervoroso ódio antipetista que carrega ainda hoje. Não à toa, como ministro do GSI de Jair Bolsonaro, foi um dos membros do governo que mais expressou ódio ao Lula e chegou, até mesmo, a desejar a morte do novo presidente