O PESO DA LEI

Lotação, sem colchão, sem toalhas: O inferno dos bolsonaristas na Papuda

A impressão deixada pelas primeiras informações era de que os terroristas presos estavam em situação privilegiada, mas não é nada disso. Veja a rotina no cárcere

Presídio da Papuda, no DF.Créditos: SEAP-DF/Reprodução
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As primeiras informações e imagens que circularam dos terroristas bolsonaristas presos, sejam aqueles que foram pegos ainda nas invasões às sedes dos três poderes ou dos que foram detidos no acampamento golpista do QG do Exército, passava a ideia de que essas pessoas estavam recebendo tratamento privilegiado. O primeiro grupo passava por uma triagem rigorosa e era mantido isolado, enquanto o segundo mantinha seus celulares e a forma agressiva e desrespeitosa no tratamento aos policiais federais da Academia Nacional de Polícia, para onde foram levados.

Mas essa fase preliminar acabou e todos foram removidos para uma prisão real. Os homens foram para o famoso presídio da Papuda, enquanto as mulheres rumaram para a chamada “Colmeia”.

Nesses dois locais, segundo informações dos funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), a rotina é exatamente a mesma dos detentos que já estavam no local. Num país tragicamente conhecido por seu sistema carcerário caótico e desumano, o grupo de fanáticos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tanto ironizou e atacou os direitos humanos e as garantias fundamentais, agora vive um inferno atrás das grades.

Dois novos blocos foram abertos especificamente para os terroristas no chamado Centro de Detenção Provisória n° 2 (CDP2), com várias celas que abrigam de 16 a 22 detentos. Como o número de vagas, mesmo com superlotação, não foi suficiente, uma parte dos bolsonaristas radicais foi levada para celas do chamado “seguro”, pequenos cárceres individuais ou para uma dupla, onde normalmente ficam presos ameaçados pelos demais.

As mulheres presas pelos ataques e por formarem o acampamento criminoso na área militar também enfrentam muitos problemas. Elas praticamente lotaram um dos blocos da “Colmeia”, se amontoando em celas onde atualmente ficam de 12 a 16 detentas, assim como pequenas celas onde eram realizadas as visitas íntimas, que agora receberam de 2 a 5 presas. Foi preciso até remover uma leva de prisioneiras trans para poder abrir mais espaço para as bolsonaristas se instalarem.

Muitos dos terroristas presos, homens e mulheres, também não conseguiram colchão para dormir. Eles e elas, os que estão nesse grupo, precisam se deitar em qualquer espaço que reste do chão, no piso frio mesmo. Nenhum deles recebeu toalhas e após tomarem banho saem molhado mesmo desses locais para higienização. Eles reclamam também que a pasta de dentes e o sabão em pó para lavagem das roupas é de péssima qualidade.

As informações foram repassadas pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) e pela Defensoria Pública da União (DPU).