Em meio à desconfiança de que alguns militares estiveram envolvidos com os atos golpistas promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma reunião, ainda esta semana, com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica - as três Forças Armadas.
O anúncio foi feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que esteve nesta terça-feira (17) reunido com o alto comando militar e o ministro da Defesa, José Múcio. Segundo o ministro, a pauta da reunião, entretanto, não foram os atos terroristas, mas sim a modernização das Forças Armadas que Lula planeja empreender.
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"A ideia do presidente é discutir com o Ministério da Defesa a modernização das nossas Forças Armadas. Em qualquer lugar do mundo há, nas principais nações, um alinhamento dos investimentos na defesa da nação, dos investimentos nas Forças Armadas, com ciência, tecnologia, desenvolvimento de conhecimento, com formação de mão de obra. E o presidente já tinha definido desde a campanha que gostaria de modernizar as Forças Armadas", disse Costa em rápida coletiva de imprensa após a reunião, adicionando que Lula deve se reunir com os comandantes das três forças ainda esta semana.
Suspeitas de militares golpistas
Apesar de, segundo Rui Costa, o objetivo da reunião não ser tratar dos atos golpistas, Lula tem feito críticas a uma parcela dos militares que foram coniventes com os atos antidemocráticos de bolsonaristas radicais, que além de invadirem e depredarem as sedes dos Três Poderes, promoveram outras ações terroristas em Brasília e ainda permaneceram por dois meses, sob a anuência de parte do Exército, acampados em frente ao Quartel General (QG) da capital federal.
Na última quinta-feira (12), em café da manhã com jornalistas, Lula deu um recado aos membros do Exército, Marinha e Aeronáutica. “As Forças Armadas não são poder moderador como eles pensam que são. As Forças Armadas tem um papel definido na Constituição que é a defesa do povo brasileiro e a defesa da nossa soberania contra conflitos externos. É isso que eu quero que eles façam bem feito”, declarou.
“Estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas que foram gravadas dentro da Suprema Corte, da Câmara, do Palácio do Planalto. Teve muita gente conivente. É importante dizer. Teve muita gente da Polícia Militar conivente, teve muita gente das Forças Armadas aqui de dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui", disse ainda.
Em entrevista exclusiva ao Fórum Onze e Meia nesta terça-feira (17), o ministro da Justiça, Flávio Dino, confirmou que houve participação de militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da presidência da República em atos que visavam destruir a democracia brasileira. A Fórum antecipou o fato em matéria exclusiva, publicada em dezembro de 2022.
“O presidente Lula tem dito com muita ênfase, ele que está providenciando revisões nesses aparatos, que sim, inclusive institucionalmente, antes do dia 1º de janeiro, estavam envolvidos em tentativas de destruição da democracia. Agentes públicos participaram dos acampamentos golpistas. Participaram ativamente e por omissão. Eu não posso antecipar conteúdos das investigações da Polícia Federal (PF). Porém, o fato é que os terroristas que atacaram os três poderes no dia 8 de janeiro tiveram combate pela polícia do Senado e no primeiro momento. não tiveram combate dentro do Palácio do Planalto. Nada é mais contrastante e eloquente do que isso. Esta é uma linha de investigação”, declarou o ministro.
Também nesta terça-feira, Lula exonerou 18 militares que exerciam cargos comissionados na "Coordenação de Administração do Palácio da Alvorada" e de outras residências oficiais do governo, como a Granja do Torto.