O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, preso na última terça-feira (10) por acusação de conivência com o terror bolsonarista visto em Brasília em 8 de janeiro, prestou depoimento à Polícia Federal dois dias após sua detenção, e fez acusações graves ao Exército. De acordo com Vieira, militares das Forças Armadas teriam impedido por duas vezes que os arruaceiros que se refugiavam no acampamento em frente ao Quartel-General fossem presos após os ataques.
Além dos militares, outra grave acusação foi feita por Vieira. Dessa vez contra o ex-diretor de Operações da PMDF, o coronel Jorge Naime. Vieira teria encontrado o então diretor de Operações em meio ao quebra-quebra. Segundo o ex-comandante, Naime estaria de férias na data e veio de seu departamento as informações de que não haveria risco de manifestações violentas naquele dia.
As informações de Naime entram em contradição com ofício enviado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, hoje afastado, às vésperas dos ataques. O informe de Dino apontou que a Polícia Federal havia identificado uma “intensa movimentação” de caravanas de ônibus bolsonaristas em direção a Brasília. Dino ainda colocou que a intenção dos manifestantes seria a de “promover ações hostis e danos contra os prédios dos Três Poderes”.
Vieira teve a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que assinalou “fortes indícios de conivência” com os ataques. O despacho foi o mesmo que pediu a prisão de Anderson Torres. O coronel, assim como Torres, ainda deve prestar novo depoimento durante a semana que entra.
Já em relação a atuação de Jorge Naimen entre outros membros do alto comando da PMDF, o Ministério Público Federal abriu nova investigação. Naime foi exonerado após o início da intervenção federal no Distrito Federal e seu afastamento já havia sido pelo MPF. Seu departamento recebeu muitas críticas do Gabinete de Transição, em 12 de dezembro, por conta dos ataques de depredação bolsonaristas realizados após a diplomação de Lula (PT), naquele momento ainda presidente eleito.