O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado do cargo por 90 dias por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a suspeita de omissão e conivência com o ataque terrorista bolsonarista realizado no último domingo (8), prestou depoimento nesta sexta-feira (13) à Polícia Federal.
Acusado de ter sido omisso e conivente com a tentativa de golpe perpetrada pelos terroristas bolsonaristas, Ibaneis Rocha declarou à PF que o seu governo tentou desmontar o acampamento terrorista, mas que o Exército impediu a retirada das barracas.
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Além disso, Ibaneis afirmou que o acampamento estava instalado em uma área "sujeita a administração do comando do Exército".
Em seu depoimento, Ibaneis declarou que a sua gestão "manteve contato com os comandantes militares para organizar a retirada pacífica dos acampados" e revelou que foi acordada a data de 29 de dezembro de 2022 para dar início à operação de remoção dos bolsonaristas, mas, o prazo "foi sustado por ordem do comando do Exército".
O governador afastado disse ainda que algumas barracas chegaram a ser removidas, porém, os policiais militares e agentes do DF Legal não conseguiram finalizar o seu trabalho por "oposição das autoridades militares".
Em sua declaração à PF, Ibaneis também afirmou que as tratativas com o Exército ficavam a cargo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) e que a equipe de transição do novo governo Lula "tinha conhecimento da oposição do Exército na retirada dos acampamentos".
O fatídico domingo
No seu depoimento, Ibaneis relatou que, no dia 7 de janeiro de 2023, o ministro da justiça Flávio Dino lhe enviou uma mensagem onde relatava "preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes" e que, diante da preocupação de Dino, ligo imediatamente para o ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres.
No entanto, Ibaneis relata que Torres tinha acabado de chegar nos Estados Unidos "repassando o telefone para Fernando de Souza Oliveira, secretário interino".
Assim como no dia do ataque terrorista, Ibaneis repetiu a tese de que o secretário interino, Fernando de Souza Oliveira o tranquilizou "afirmando haver informações que os manifestantes estavam chegando ao QG do Exército para a manifestação do dia 8 de janeiro". Essas informações foram repassadas a Flávio Dino, relata Rocha.
Ao tomar conhecimento da invasão dos Três Poderes pela televisão, Ibaneis afirma que voltou a ligar para o secretário interino e pediu que todo o efetivo policial fosse posto na rua.
Porém, o secretário interino revelou que a situação tinha saído do controle e que o ideal era solicitar o apoio do Exército e de outras forças de segurança.
Sobre os policiais que aparecem em vídeos confraternizando com os terroristas, Ibaneis afiram que ficou revoltado quando tomou conhecimento e que hoje acredita que "houve algum tipo de sabotagem".
Por fim, Ibaneis declarou à PF que respeita as urnas e o resultado da eleição 2022 e que desde o fim do pleito não teve contato com o ex-presidente Bolsonaro e que "se empenha na criação de uma relação republicana com a presidência da República".