GOLPISMO EM ALTA

Marinha em chamas: Fala de comandante a Lula gera ódio em colegas bolsonaristas

Almirante Olsen despertou fúria de oficiais ultrarreacionários da força naval. Antigo comandante deixou mensagem contra politização de militares e saiu do grupo. Leia

Almirante Marco Sampaio Olsen, em sua posse.Créditos: Marinha do Brasil
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A Marinha do Brasil está em chamas. Ainda que a afirmação tenha sentido conotativo, tal situação não é tão figurada assim. Tudo teria começado após o discurso do atual comandante da Força, almirante Marco Sampaio Olsen, nomeado pelo presidente Lula (PT) para o posto e que o agradeceu em suas primeiras palavras à frente da organização militar naval.

“Expresso aqui notória gratidão ao presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo apanágio ao nomear-me comandante da Marinha. Agradeço o introdutório de orientações e estímulo, particularmente ao referir-se à necessidade premente de prover o requerido espaço orçamentário para aumentar a capacidade e prontidão operacional da Marinha do Brasil”, disse o Almirante Olsen.

Tudo não passaria de um agradecimento óbvio, uma vez que sua escolha efetivamente deu-se pelas mãos de Lula e este, por sua vez, é de fato o presidente da República. Só que as hostes radicalizadas de oficiais-generais da Marinha que estão na reserva, absorvidos e cooptados pelo extremismo ultrarreacionário de Jair Bolsonaro (PL), partiram para cima do novo chefe da Marinha nos grupos de WhatsApp. As informações são do jornalista Lauro Jardim, do diário carioca O Globo.

No grupo onde estão alguns almirantes e outros oficiais que já ocuparam cargos relevantes na organização naval, uma série de violentas críticas foram lançadas contra Olsen, sempre recheadas das paranoias anticomunistas. Se no serviço ativo estivessem, este seria um claro caso de insubordinação e indisciplina.

Neste cenário, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, comandante da Marinha nos governos de Dilma Rousseff e de Michel Temer, entre os anos de 2015 e 2019, deu um basta na loucura generalizada e saiu do grupo, deixando uma forte mensagem contra a politização dos militares e o clima de caça às bruxas implantado pelo bolsonarismo bufo.

“Aos companheiros da Esperança. No momento em que vejo ataques pessoais e muito fortes ao AE Olsen, nosso CM, oficial de altíssima capacidade, ilibada moral e grande coragem, não me sinto mais em condições de permanecer nesse grupo. O ódio político que não leva a nada e as fake news que destroem reputações e espalham boatos perigosos só conseguem afastar amizades e quebrar laços familiares. Para mim os limites foram ultrapassados. Permaneço com o meu zap e meu e-mail à disposição para mensagens particulares. Quando a situação acalmar, eu volto”, disse o Almirante Bacellar Leal, saindo na sequência.