Flávia Diniz (PT-RJ), ativista social, produtora cultural e candidata a deputada estadual, foi mais uma vítima do clima de ódio, terror e violência criado por Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores. Negra e cadeirante, ela foi seguida e hostilizada por duas mulheres brancas em uma rua movimentada do Rio de Janeiro.
“Eu saí do Banco do Brasil, na Vila Izabel, atravessei a rua na cadeira de rodas, elas atravessaram atrás de mim e falaram: ‘Como é que pode ter coragem de andar com tantos adesivos do Lula ladrão estampados. Se ela pudesse, colocava até na cabeça’, diziam bem perto de mim. Eu estava andando com a cadeira devagar, pois a rua é bem movimentada”, contou a ativista.
Ela relatou que, em seguida, chegou à vila onde reside. Flávia revelou que está ficando na casa do primo, porque morava no bairro Campo Grande, mas foi “convidada” a se retirar da área pela milícia do local.
“Eles ficaram sabendo que sou petista, que ficava indo nas casas, falando com todo mundo. Enfim, estou na casa do meu primo. Quando eu entrei, uma delas apareceu no portão e começou a gritar: ‘Sua aleijada, sua desgraçada. Deus marcou você por causa disso. Por isso que anda de cadeira de rodas’”, contou ela, ainda muito emocionada com o ataque covarde e gratuito.
A reação de Flávia foi ficar parada e chorar. “Tinha um cara arrumando o interfone da vila. Tinha um pedreiro também e eles não falaram nada. Eu não tinha reação. Elas xingaram muito: ‘Devia ter deixado você cega também, se bem que cega você já é, porque não vê o que Lula ladrão faz. Devia ter deixado você cega de verdade, já que não serve para nada’”.
“Uma ainda falou: ‘Com esse cabelo curto deve ser sapatão’. Uma coisa horrível”, relembra Flávia
O primo de Flávia ouviu, desceu correndo, mas quando tentou interceder, elas tinham ido embora. “Todo mundo ouviu aqui na vila. Elas acabaram comigo. Disseram ainda: ‘É candidata, essa esquerdalha’. Uma falou: ‘Com esse cabelo curto deve ser sapatão’. Uma coisa horrível. Eram duas mulheres brancas, parecia que estavam voltando da academia. Não sei como não usaram racismo, porque normalmente me chamam de ‘macaca aleijada’”, ressaltou, ainda chorando.
A ativista destacou que, infelizmente, já foi ofendida por ser negra. “Mas nunca tinha sido hostilizada por motivos políticos", concluiu Flávia.