A deputada estadual de São Paulo Monica Seixas (PSOL) prestará seu primeiro depoimento nesta sexta-feira (30) à Polícia Federal sobre o caso de violência política sofrido pelo também deputado estadual Wellington Moura (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A agressão ocorreu no dia 18 de maio deste ano, após Monica defender por meio de uma questão de ordem permitida pelo regimento interno a colega de parlamento Erica Malunguinho de ataques transfóbicos, e o político responder que colocaria um “cabresto em sua boca”.
Depois do ocorrido, a equipe jurídica da parlamentar abriu processo de cassação do parlamentar e o Ministério Público Federal oficiou a procuradoria regional eleitoral para que abrisse inquérito contra Moura, o que ocasionou na convocação da parlamentar para prestar seu testemunho na Delegacia de Defesa Social e Institucional.
“Segundo o artigo 326-B do Código Eleitoral, o parlamentar do Republicanos cometeu um crime ao impedir o desempenho de um mandato eletivo, sendo que tal ato pode gerar pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa”, diz nota divulgada pelo mandato da deputada Monica Seixas.
Após o envolvimento neste escândalo de agressão, Wellington Moura não se candidatou à reeleição na Alesp e é coordenador de campanha de Tarcísio de Freitas, apoiador de Bolsonaro e atual candidato ao governo do Estado de São Paulo. Seixas lembrou o crescimento da violência política atribuída a falas do atual presidente.
“A violência política que sofri não pode passar impune. Sou uma mulher negra eleita democraticamente e não podem me agredir desta forma. O ocorrido vai muito além da política e entra no âmbito do machismo e do racismo. Seguiremos na luta para que seja feita justiça e outras parlamentares não passem por isso”, afirma Monica Seixas.
Relembre o caso
A deputada estadual Monica Seixas (PSOL-SP) entrou com um pedido de cassação do deputado Wellington Moura no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 20 de maio. O parlamentar, durante sessão plenária na de 18 de maio, quarta-feira, afirmou que iria colocar um "cabresto na boca" de Seixas.
“Quero dizer a ela [Monica Seixas] que ontem, num momento que eu estava presidindo a sessão, ela estava importunando o plenário [...] é o que vossa excelência faz. Sempre. Várias vezes. Mas num momento que eu estiver ali [presidindo a sessão], eu vou sempre colocar um cabresto na sua boca porque não vou permitir que vossa excelência perturbe a ordem”, disse Moura. Os dois, então, discutiram, e Monica respondeu: “Não vai calar a minha boca”. O deputado retrucou: “Eu vou, todas as vezes [que presidir a sessão]”.
O caso ocorreu um dia depois de outra confusão envolvendo Monica. Ela denunciou que o deputado Gilmaci Santos (Republicanos) a chamou de “louca” e chegou a colocar o dedo no nariz dela, em sessão que acabou cassando o mandato de Arthur do Val (União Brasil).