O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), deu uma entrevista para a Folha, publicada nesta sexta-feira (23), na qual afirma que conversaria, sem problemas, com um futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de não abrir mão do apoio trocado com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração vem em um momento em que o mandatário bate recordes históricos de reprovação e rejeição ao mesmo tempo em que vê o petista disparar nas pesquisas de intenções de votos.
Castro é o principal favorito à reeleição para o governo do Rio, entre outros fatores, graças à sua capacidade em se desvencilhar do ex-governador Wilson Witzel (PMB) que assim como Bolsonaro no âmbito nacional, bate recordes de rejeição no Rio de Janeiro – 49% na última pesquisa Datafolha. Castro era o vice de Witzel e, após o ex-governador ser afastado do cargo mediante processo de impeachment, o político do PL assumiu.
Sobre reconhecer a vitória de Lula e dialogar com um futuro governo petista, Castro diz que não vê problemas. Ele se diz um político voltado para o diálogo e lembra que na Assembleia Legislativa do Rio teve uma boa relação com o presidente André Ceciliano, que é petista. “Ficarei mais feliz se Bolsonaro ganhar, mas exercerei o diálogo também se não ganhar”, declarou o governador. Ele se disse "fiel" ao atual presidente, e conta com o seu apoio para ganhar as eleições fluminenses. No entanto, após 24 meses diante do governo, afirma que prefere focar no legado da sua gestão ao invés de usar o presidente como “muleta” política.
Sobre o clima bélico e os episódios de violência política que assombram o país, reconhece o papel do bolsonarismo no contexto, mas o divide com a oposição que, segundo o governador, não teria deixado o presidente governar atacando-o a todo momento. “Quando você é agredido, acaba reagindo”, minimizou. Para Castro se equivalem como narrativas eleitorais tanto o uso político da religião feito por Bolsonaro, como as acusações de fascismo e genocídio que o atual presidente recebe da oposição.