Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores no governo Lula e ministro da Defesa no governo Dilma, se reuniu nesta quinta-feira (22), em Brasília, com cerca de 20 embaixadores de países da América Latina e Caribe em Brasília. O encontro foi proposto pelos representantes diplomáticos e ocorreu diante da expectativa de uma vitória do ex-presidente petista na eleição de 2 de outubro, visto que um novo governo de Lula mudaria totalmente a relação hoje estabelecida com essas nações.
"É importante conversar com os latino-americanos para saber quais são as reivindicações, os anseios e até para formar a própria cabeça (...) Em vez de falar de rivalidade, os países todos, incluindo os grandes, sentem necessidade do Brasil para que a voz da América Latina seja ouvida. Estamos, talvez, vivendo o momento mais perigoso dos últimos 70 anos", disse o ex-chanceler à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
O encontro foi realizado na casa da embaixadora de Barbados, Tonika Sealy Thompson. Participaram da reunião, além dela e de Amorim, embaixadores de países como Argentina, México, Uruguai, Equador, Paraguai, Colômbia, Bolívia e Haiti.
Lula, Amorim e Departamento de Estado dos EUA
A reunião de Celso Amorim com embaixadores vem em meio a uma articulação internacional encampada pela campanha de Lula. Na quarta-feira (21), o ex-chanceler acompanhou o ex-presidente em um encontro, em São Paulo, com representantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O conteúdo do encontro não foi divulgado, mas na pauta estaria a defesa dos representantes dos EUA ao resultado das eleições brasileiras. A articulação entre Lula e os norte-americanos se tá por conta das ameaças de Bolsonaro em não aceitar uma eventual derrota.
Em julho, após a fatídica reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, quando colocou em xeque o sistema eleitoral brasileiro, Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, já havia afirmado que as eleições no Brasil são "um modelo".
“Eleições vêm sendo conduzidas pelo capacitado e já testado sistema eleitoral brasileiro e pelas instituições democráticas com sucesso ao longo de muitos anos. Então, ele é um modelo para nações não apenas neste hemisfério, mas além”, declarou na ocasião.