A colunista do portal UOL Milly Lacombe publicou um artigo nesta quinta-feira (15) repercutindo a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães, durante o debate com os candidatos a governador realizado pela TV Cultura, por parte do deputado bolsonarista Douglas Garcia. Ela se solidarizou com a colega de imprensa, mas não sem relembrar atitudes nada solidárias e pouco humanas por parte da profissional que se tornou um dos alvos centrais dos odiosos seguidores do presidente da República.
“Enquanto Dilma foi alvo da fúria covarde da extrema-direita, Vera calou... Quando Cora Ronai e Miriam Leitão ridicularizaram a roupa e o andar de Dilma na posse, Vera calou... Quando a caravana de Lula foi recebia a pauladas no sul do Brasil, Vera disse que pedradas faziam parte da política... Quando Lula foi ao velório de dona Marisa, Vera debochou e sugeriu que casássemos com alguém que não fosse fazer comício em seu velório... Quando Manuela D'Avila foi 62 vezes interrompida no Roda Viva, Vera disse que era do jogo e que estava acostumada a atuar em ambientes cheios de homens, indicando que Manuela fazia drama ao reclamar da impossibilidade de concluir um pensamento sequer... Quando Boulos foi contratado como colunista da Folha, Vera democraticamente sugeriu que ele fosse desligado dado que, segundo ela, Boulos estava associado ao banditismo”, escreveu Milly Lacombe, revivendo episódios em que Vera não foi tão solidária assim com as pessoas, diferentemente do que ocorre agora, quando todos saíram em sua defesa, e com razão.
Antes disso, a colunista do UOL ainda relembrou a forma como Vera ignorou os desmandos e o Direito freestyle aplicados por Sergio Moro na Lava Jato, a quem a jornalista agora perseguida defendia com unhas e dentes e o comparava a um enxadrista.
Após listar uma infinidade de absurdos que foram levados a cabo e normalizados durante o governo de Jair Bolsonaro, muitas vezes relevados pela imprensa, Milly considerou que tudo isso só ocorreu porque capítulos de misoginia e machismo, além de condescendência com ações antidemocráticas, alimentaram o monstro agora formado. Ela encerrou se solidarizando e desejando um retorno de Lula para que Vera possa exercer seu legítimo direito de criticar o governo sem estar sob ameaça.
“Sua ideologia, suas simpatias políticas e seus afetos não justificam agressões, ataques, abusos, assédios. Apenas um país que já não mais opera democraticamente tolera esse tipo de violência. Prestar solidariedade a Vera Magalhães exige que refaçamos o caminho até aqui para que ele nunca mais se repita, e para que nenhuma outra mulher tenha que passar pelo que ela está passando. Que Lula seja eleito para que Vera possa, outra vez, fazer oposição sem ser destruída em sua dignidade e no seu direito de opinar”, concluiu.