No final da entrevista à CNN da noite desta segunda-feira (12), o apresentador William Waack perguntou como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliava a política internacional de Jair Bolsonaro (PL) e o que faria após ser eleito. Lula não poupou críticas ao atual presidente e disse ao público que não há ninguém concorrendo ao pleito de outubro em melhores condições de reconstruir as relações internacionais do país do que sua chapa.
“O Brasil desapareceu para o mundo e tem que voltar. O Brasil não tem contencioso internacional [termo utilizado para animosidades, antipatias, ou mesmo rivalidades]. Quem criou o contencioso foi o atual presidente que não gosta de ninguém, que ofende a mulher do presidente da França e assim por diante. O Brasil tem que estar bem com todo o mundo. Com os EUA, a China, a Europa, América Latina e a África”, defendeu Lula.
Na sequência, William Waack questiona o ex-presidente a respeito da China que, em suas palavras, estaria buscando a posição de principal potência global e gerando uma espécie de “Guerra Fria” moderna com os Estados Unidos. Lula então defendeu que a diplomacia brasileira não deve entrar nessa “nova guerra fria” e que acredita ser importante que o país se aproxima da União Europeia e dos vizinhos latino americanos para formar um bloco com força suficiente para negociar com as principais potências.
Ele ainda destacou o papel da diplomacia brasileira na resolução pacífica de conflitos, que foi esquecido durante o governo Bolsonaro. “Na minha opinião a União Europeia simboliza uma grande conquista da democracia, mas ela cometeu um erro muito grande em ceder na questão da guerra da Rússia com a Ucrânia. Era preciso que a UE fosse o pêndulo para evitar a guerra. Hoje vemos muito mais gente falando em vender armas do que em paz”, analisou o ex-presidente.
Sobre as medidas que tomaria para recuperar as relações internacionais brasileiras, Lula lembrou sua recente visita à Europa onde foi recebido com honras pelos chefes de Estado da Espanha, França e Alemanha.
“Quero restabelecer essa conexão internacional para que possamos discutir a questão do clima com maior seriedade e estou disposto também a tentar mudar a governança na ONU. Não é possível que o Conselho de Segurança apresente a mesma governança dos tempos da Segunda Guerra Mundial. É preciso entrar país africano, latino americano, a Alemanha e a Índia para que a gente possa, em se tratando da emergência climática, tomar decisões que sejam definitivas e não precisemos levar a discussão para dentro dos Estados nacionais”, declarou o ex-presidente.
Lula ainda afirmou que pretende discutir questões de investimentos externos. “Nesse momento na história do Brasil ninguém tem a mesma credibilidade que nós para ir para fora do Brasil e falar sobre investimentos com os estrangeiros. Vamos convencer as pessoas que o Brasil é um bom negócio para novos investimentos, e não para vender empresas públicas”, declarou.