Detalhamento da pesquisa Datafolha, que mostra redução para 11 pontos da vantagem de Lula (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL), revela que as eleições de 2022 expõe uma luta secular para reduzir o fosso da desigualdade social no Brasil, comandado por uma pequena parcela de cerca de 705 mil homens brancos e ricos (0,56% da população adulta) que têm uma renda mais de 100 vezes superior à de 32,7 milhões de mulheres negras, que representam 26% da sociedade brasileira, segundo estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo, divulgado no ano passado.
São essas mulheres negras e pobres que asseguram a liderança de Lula na disputa presidencial deste ano. Segundo o Datafolha, o petista lidera com folga entre as mulheres por 46% das intenções de votos contra 28% Jair Bolsonaro (PL) e pobres - com rendimento até 2 salários mínimos - por 54% a 26%.
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No entanto, é entre a população preta - vítima recorrente dos arroubos racistas de Bolsonaro - onde Lula cresce e tem a maior vantagem. Segundo o Datafolha, o petista passou de 51% para 54% na preferência dos negros entre as pesquisas divulgadas entre os dias 1º e 9 de setembro.
Já Bolsonaro oscilou um ponto para menos, de 26% para 25%, mostrando que é esse nicho eleitoral que sente mais os reflexos dos discursos autoritários, racistas e misóginos do presidente.
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Por outro lado, Bolsonaro está em situação de empate técnico entre os homens, com Lula à frente por 43% a 39% - no limite da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos.
O atual presidente, no entanto, lidera nos estratos mais ricos com 15 pontos de vantagem (49% a 34%) entre os que ganham entre 5 e 10 salários mínimos e 13 pontos (42% a 29%) entre os que ganham acima disso.
A vantagem de Lula sobre Bolsonaro é menor também entre os brancos, onde o petista está em situação de empate técnico com o adversário: 40% a 38%. A vantagem começa a crescer e descola da margem de erro entre aqueles que se autodeclaram pardos: 43% a 35%.
Guerra entre cristãos
O Datafolha mostra ainda uma guerra entre cristãos. Enquanto Lula lidera e cresce entre católicos, que representam 50% da população, Bolsonaro amplia a vantagem entre os que se declaram evangélicos, que são 31% dos brasileiros, segundo o últmo censo do IBGE, realizado em 2018.
A pesquisa mostra que em uma semana Lula cresceu de 51% para 54% entre os adeptos do catolicismo, enquanto o adversário oscilou um ponto para menos, indo a 27%.
Entre os evangélicos, o movimento foi contrário. Bolsonaro passou de 48% para 51% e Lula caiu de 32% para 28%.
A pesquisa presencial foi feita na quinta (8) e nesta sexta-feira (9). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa, contratada pela Folha e pela TV Globo, ouviu 2.676 eleitores em 191 municípios e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-07422/2022.