SETE DE SETEMBRO

WhatsApp: Chamados antidemocráticos para sete de setembro explodem nas últimas semanas

De acordo com levantamento do Monitor de WhatsApp da UFMG, menções à data em grupos explodiu no final de julho: “temos que agir antes, não depois das fraudes”, dizem os golpistas

Créditos: Reprodução / Facebook
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A circulação de mensagens antidemocráticas relacionadas ao sete de setembro em grupos de Whatsapp tem escalado desde a última semana de julho, de acordo com levantamento do Monitor do WhatsApp da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), feita a pedido da Folha. A pesquisa analisou uma amostragem de mil grupos dentro do aplicativo de mensagens entre os primeiros dias de junho e agosto de 2022.

Na última semana de julho as menções às convocatórias em tom golpista de Bolsonaro para o Dia da Independência aumentaram em 290% em comparação com a mesma semana do mês anterior. Entram na conta mensagens com referência ao termo “Intervenção Militar” ou que versem sobre a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e teorias conspiratórias sobre urnas eletrônicas.

"Dia 7 de setembro será o último aviso, a última oportunidade de colocar o país no eixo. Então, presidente, quero te falar, será o último mesmo, se não mudar no dia 7 de setembro e não vier uma resposta do líder que elegemos com quase 70 milhões de votos, EU DESISTO. Eu te elegi para você ficar contra o sistema, te dei autorização para meter o pé na porta do STF, do Congresso e de mais onde for preciso. Estou ratificando esta autorização no dia 7 de setembro", diz a mensagem mais compartilhada pelo levantamento.

Dos mil grupos analisados entre primeiro de junho e primeiro de agosto, 469 enviaram mensagens dessa natureza. Quase 70% dessas mensagens circularam em grupos declaradamente de direita, enquanto 25,9% foram entregues a grupos não alinhados. Apenas 5,1% teriam furado a bolha ‘pra valer’ e aparecido em grupos considerados de esquerda.

Em outra mensagem, é possível ler o seguinte: “Não podemos aceitar ser uma ditadura e passar fome igual na Venezuela e na Argentina… não podemos cair nessa mesma idiotice, temos que agir antes, não depois das fraudes, depois não há nada que se possa fazer”. Dentre os grupos monitorados, existe um com 195 participantes que se chama “7 de setembro - o chamado”, e se dedica a organizar a ida aos desfiles por seguidores do atual presidente.

O fim de julho foi justamente quando o presidente Bolsonaro (PL) anunciava uma suposta mudança do desfile militar de sete de setembro no Rio de Janeiro, que sairia da Avenida Presidente Vargas, onde geralmente ocorre, para ir à praia de Copacabana, reduto de manifestações a favor do presidente aos finais de semana no último período. No final das contas, o prefeito carioca, Eduardo Paes (PSD), definiu que o desfile não mudaria de lugar. Mas além disso, o período também viu uma escalada de animosidades entre o presidente e setores das Forças Armadas próximos a ele em relação tanto ao STF, como ao sistema eleitoral brasileiro de forma geral.

Na semana anterior, quando foi realizada a convenção partidária do Partido Liberal na qual Bolsonaro oficializou sua candidatura à reeleição, o presidente fez uma nova convocação inflamada para o sete de setembro seguida do discurso de sempre: ataques ao STF, ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.