Numa reportagem perspicaz do jornalista Carlos Madero para o UOL, ele identifica um cenário de alianças inesperadas e distanciamentos surpreendentes nas eleições no Nordeste - Madero reside em Maceió (AL) e é especializado em temas nordestinos.
A aliança mais surpreendente é a que une Flávio Dino ao clã Sarney no Maranhão, adversários históricos no estado. O MDB maranhense irá apoiar o candidato do PSB de Dino ao governo do Estado, Carlos Brandão.
Enquanto isso, em Alagoas, Arthur Lira e Bolsonaro, unha e carne em Brasília, estarão separados. Lira levou seu PP a apoiar o candidato do União Brasil ao governo do estado, o senador Rodrigo Cunha. O PL de Bolsonaro, por seu turno, indicou o vice na chapa ao governo encabeçada pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB). Mas o favorito com larga margem no Estado é outro candidato, Paulo Dantas (MDB), que tem o apoio do ex-governador Renan Filho, candidato ao Senado, onde está seu pai, Renan Calheiros, ambos do MDB e em aliança com o PT.
Em Pernambuco, depois de deixar o PT, Marília Arraes (SD), que lidera as pesquisas de opinião ao governo estadual, firmou aliança com o deputado federal André de Paula (PSD), político de direita, inimigo dos governos Lula e Dilma e aliado de Bolsonaro.
Dois estados com rompimentos imprevistos são o Ceará e a Bahia.
No Ceará, a eleição de 2022 marca o fim da aliança entre Camilo Santana (PT) e o clã Ferreira Gomes.
O acordo para que a vice e atual governadora, Izolda Cela (ex-PDT e hoje sem partido), concorresse ao cargo foi detonado por Ciro Gomes, que impôs o nome do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio.
Com a escolha de Cláudio, o PT rompeu uma aliança de 16 anos com o PDT e lançou o nome do deputado estadual Elmano de Freitas (PT) para concorrer ao governo.
Na Bahia, o PP deixou uma aliança de 14 anos com o PT. O vice-governador João Leão passou a apoiar o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil).
João Leão imaginava que Rui Costa deixaria o governo para disputar o Senado, abrindo caminho para que ele assumisse o governo por nove meses. Com a desistência do senador Jaques Wagner de disputar o governo, Costa decidiu ficar no cargo, e Leão rompeu.