ELEIÇÕES 2022

Corrupção, fome e sigilos: Lula sobe o tom e parte para o ataque contra Bolsonaro

Em visita a Manaus, ex-presidente sinaliza mudança de discurso, mais focado em denunciar o atual mandatário

Lula em Manaus.Créditos: Ricardo Stuckert
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Após o primeiro debate entre presidenciáveis no último domingo (28), quando adotou uma postura considerada passiva e focou em relembrar feitos de seus governos, o ex-presidente Lula (PT) resolveu mudar o discurso e tem partido mais para o ataque contra Jair Bolsonaro (PL)

Em visita a Manaus (AM) nesta quarta-feira (31), o petista deu entrevistas em que subiu o tom contra o atual presidente, falando abertamente sobre corrupção no governo, declarações de Bolsonaro minimizando a fome no país e os decretos de sigilo de 100 anos. No debate, com a exceção do tema dos sigilos, Lula não havia confrontado o presidente diretamente sobre esses assuntos. 

"Lamentavelmente o povo tá passando fome. Lamentavelmente num país que é o terceiro produtor de alimento tem 33 milhões de pessoas passando fome e o presidente, na maior cara de pau, diz que não tem tanta gente passando fome. Não tem na casa dele porque ele esconde até o cartão corporativo, coloca sigilo pro provo não saber quanto que ele gasta. Mas o povo está passando necessidade", disse Lula em entrevista na porta da fábrica de motocicletas da Honda na capital amazonense. 

O ex-presidente, pouco antes, havia visitado as instalações da fábrica e, através das redes sociais, ironizou as motociatas de Bolsonaro com um vídeo da visita. "Tem quem só passeia de moto. E tem quem valoriza quem trabalha e produz", escreveu. 

Lula denuncia corrupção de Bolsonaro 

Mais cedo, em entrevista à Rádio Clube, de Belém (PA), Lula já havia sinalizado essa mudança de estratégia com um discurso mais incisivo contra casos de corrupção envolvendo Bolsonaro

"O atual presidente não exigiu a investigação do Queiroz, dos filhos ou das denúncias da CPI contra o Pazuello. Ele não só coloca a sujeira embaixo do tapete como transforma em sigilo de 100 anos", disse Lula, que ainda citou o cartão corporativo. "Nós fizemos o cartão corporativo ser transparente, e agora o cartão corporativo do presidente tem sigilo de 100 anos", emendou. 

O petista, na mesma entrevista, ainda subiu o tom contra a Lava Jato e se defendeu dos processos que foi alvo. "Foi levantado a maior calúnia da história do Brasil, possivelmente muito maior da que levou Getúlio Vargas a morte (...) A única justiça federal que me condenou foi a do Moro, a pedido do Dallagnol, porque havia interesse político de não permitir que eu fosse candidato em 2018. A impressa brasileira deveria reconhecer que foi enganada durante 5 anos por um juiz mentiroso e por um procurador que criou uma quadrilha de procuradores", disparou. 

"Eu sou o único cara condenado por ser inocente. É proibido eu ser inocente. Porque, com todas as decisões favoráveis a mim, ainda tem gente que fala “mas você não foi inocentado” prosseguiu o ex-presidente.