LULALÁ

"Bolsonaro parece bobo da corte”, diz Lula no JN

Em pergunta sobre corrupção na relação com o Congresso Nacional nos seus governos, Lula rebateu: “Você acha que o mensalão é pior do que o orçamento secreto?”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sabatina no Jornal Nacional. 25 de agosto de 2022Créditos: Reprodução / TV Globo
Escrito en POLÍTICA el

Em sabatina na noite desta quinta-feira (25) ao Jornal Nacional, da TV Globo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia respondido aos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos a respeito de corrupção nos seus governos e erros na política econômica de sua sucessora, Dilma Rousseff, quando foi perguntado a respeito de como pretende se relacionar com o centrão.

A pergunta veio em um contexto em que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), eleito em 2018 prometendo acabar com o “toma lá, dá cá” entre Executivo e Legislativo, teve de ceder nesse exato sentido para manter-se no cargo e agora há quem diga que o “verdadeiro governante” do Brasil é Arthur Lira (Progressistas), o presidente da Câmara. No começo da semana Bolsonaro perdeu a linha ao ser chamado de "Tchutchuca do Centrão" por um youtuber de extrema-direita no cercadinho do Planalto.

“O senhor tem dito que o centrão se formou lá atrás na Constituinte para barrar avanços sociais e participou de todos os governos. Do governo FHC, do seu, de Dilma, de Temer e agora de Bolsonaro. Só que o relacionamento dos governos do PT com o Congresso resultou em escândalos de corrupção como o mensalão por exemplo. Como evitar que isso aconteça novamente?”, perguntou Renata.

Lula respondeu de bate-pronto: “Você acha que o mensalão é pior do que o orçamento secreto?”

E prosseguiu: “A vida politica estabelecida em regime democrático é a convivência democrática na diversidade. Nenhum presidente da República, num regime presidencialista governa sem estabelecer uma relação com o Congresso Nacional. O centrão não é um partido político. Até porque hoje os únicos partidos políticos do Brasil são o PT, o PC do B, o PSOL e o PCB. Quase todos os outros partidos são cartoriais. Ou seja, são cooperativas de deputados que se juntam em determinadas circunstâncias. Vão dialogar com quem ganhar as eleições, seja a Renata, o Bonner ou o Lula. Qualquer presidente vai ter que conversar com o Congresso Nacional. Não com o centrão porque ele não é um partido político, mas com os partidos políticos que compõem o Congresso Nacional,” disse o ex-presidente.

Em relação ao tema da corrupção, Lula repetiu resposta de momentos anteriores da sabatina e afirmou que é impossível combatê-la sem que antes se tenha ciência de que está acontecendo. Nesse sentido, Lula completou a declaração dizendo que é preciso ter uma “imprensa livre e uma justiça eficaz para que a corrupção seja denunciada. Não é possível guardar a corrupção sendo que ela traz prejuízos à sociedade brasileira”, afirmou Lula. Mais cedo ele havia feito alusão aos cem anos de sigilo que Bolsonaro costuma colocar sobre os escândalos de corrupção que envolvem seus familiares e aliados.

“Mas então como negociar com o centrão sem essa moeda de troca?”, perguntou Renata Vasconcellos fazendo referência ao Orçamento Secreto de Bolsonaro que Lula considera uma “excrescência”.

“Negociando. Todos sabem que sou um homem que sabe negociar”, disse Lula para, em seguida, fazer a crítica do Orçamento Secreto e da maneira como Bolsonaro ficou entregue a alguns setores que se conhece como ‘centrão’.

Acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. Ele é refém do Congresso Nacional. Ele não manda nem no orçamento. Sequer do orçamento, quem cuida é o Lira, ele que libera verba. Os deputados e governadores ligam para o Lira, e não para o presidente, para pedir liberação de verba. Isso nunca aconteceu desde a Proclamação da Republica. O Bolsonaro parece um bobo da corte”, disparou.

Lula reiterou que pretende governar em diálogo com o Congresso e disse que governadores também estão reféns do orçamento secreto. “Isso é um escárnio, não é democracia. Pode ficar certa que Alckmin e eu vamos resolver isso”, concluiu dirigindo-se a entrevistadora.