DE OLHO NOS GOLPISTAS

Coronel da reserva após ação contra empresários: "Generais falam coisas muito piores"

Oficial sugeriu que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinasse à PF a observação de falas públicas de militares de alta patente

General Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa (2019-2021).Créditos: José Cruz/ Agência Brasil
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Após a operação da Polícia Federal que fez buscas e apreensões em propriedades dos empresários Luciano Hang (Havan), Marco Aurélio Raimundo (Mormai) e Afrânio Barreira (Grupo Coco Bambu) pelo apoio dado a suposto golpe de Bolsonaro, o coronel da reserva, Marcelo Pimentel veio a público, nas suas redes afirmar que militares de alta patente, como generais e coronéis, falam publicamente coisas ainda mais absurdas.

“Imagina se a PF, por determinação do Ministro Alexandre de Moraes, soubesse o que andam falando publicamente os generais comandantes das Forças Armadas sobre o golpe de 1964 e a ditadura. Será que tem relação de causa e efeito com o que falam, privadamente, dois ou três empresários?”, questionou Pimentel, que ficou conhecido no último período como um militar crítico a politização das Forças Armadas e a presença de generais no Governo Federal.

Para exemplificar seu ponto de vista, o coronel da reserva lembrou uma fala do general Fernando Azevedo e Silva, enquanto ainda estava à frente do Ministério da Defesa, em 31 de março de 2020. Na ocasião, em Ordem do Dia alusiva à data – reivindicada pelos militares pró-ditadura como o início do regime ao invés do primeiro de abril – recomendou que a data fosse comemorada como um marco da democracia brasileira. “O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. O Brasil reagiu com força à ameaças que se formavam àquela época”, afirmou o então Ministro.

Se as falas públicas dos generais já poderiam render processos por atentados contra o Estado Democrático de Direito, Marcelo Pimentel aponta que no WhatsApp, em conversas privadas, o teor é ainda pior. “Falam coisas piores e com efeito prático desde 2015”, denunciou, para em seguida criticar a postura da imprensa e da oposição que estariam transformando “outro juiz em ‘herói’ da pátria”.

A alusão a Sérgio Moro, se colocada no contexto da sua crítica, pode apontar Alexandre de Moraes como um juiz que goza de uma explosão midiática em torno de si, e que, através dela, envia recados punindo peixes menores, neste caso os três empresários. Enquanto isso, o caminho para que altos oficiais possam destilar seus valores antidemocráticos estariam abertos.