ELEIÇÕES 2022

Pré-candidatos do PSB do RJ a deputado não escondem insatisfação com Molon

O presidente estadual do partido insiste em disputar uma vaga ao Senado, o que pode inviabilizar acordo entre PT e PSB no estado

Alessandro Molon não quer desistir de disputar o Senado.Créditos: Agência Câmara
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O clima de insatisfação no PSB com a insistência do deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) de disputar uma vaga no Senado está tomando conta dos pré-candidatos a deputado federal pelo partido.  

De acordo com reportagem de Caio Sartori e Paula Martini, no Valor Econômico, uma reunião de pré-candidatos a deputado pelo PSB, que ocorreu domingo (31), no Rio, acabou virando um momento de debates acalorados a respeito da insatisfação deles com Molon, que é presidente do partido no estado.

As reclamações são principalmente referentes à manutenção da pré-candidatura do deputado federal ao Senado, o que pode inviabilizar a aliança com o PT no estado.

No domingo (31) e ao longo da segunda-feira (1), uma carta – ao qual o Valor teve acesso – circulou entre os pessebistas.

Como não houve consenso sobre o documento, o texto não chegou a ser encaminhado ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

A carta critica questões burocráticas internas e é contra a manutenção de Molon na disputa ao Senado, enquanto o acordo entre PT e PSB previa que os petistas apoiassem Marcelo Freixo (PSB-RJ) ao governo, com a condição de que o candidato ao Senado fosse André Ceciliano (PT-RJ).

Inclusive, o presidente do diretório estadual do PT no Rio, João Maurício, anunciou nesta terça que apresentou uma resolução pedindo o rompimento da aliança de seu partido com Freixo, pré-candidato ao governo do estado. O motivo é a insistência de Molon. Segundo petistas, o deputado, ao manter sua candidatura para senador, desrespeita o acordo que havia sido feito entre PT e PSB. 

Veja a íntegra da nota que circulou internamente no PSB:

Presidente companheiro socialista Carlos Siqueira.

Faltam exatos 15 dias pro início do processo eleitoral e estamos muito preocupados com os rumos do partido e das campanhas no Rio de Janeiro, o seio do bolsonarismo e epicentro da disputa política no Brasil. Aqui, conseguimos, em torno do PSB, uma frente democrática jamais vista de 8 partidos. E, aqui, queremos - também pro pós-eleição - construir um partido forte, vivo e atuante, inclusive com espaço para o contraditório.

Temos preocupações muito urgentes de natureza política, institucional e material.

Alguns pontos específicos vêm nos deixando muito preocupados:

- A direção eleita no Congresso em dezembro passado até hoje não tomou posse.

- Nunca tivemos uma reunião entre os candidatos. Não temos acesso aos nomes das chapas, nem mesmo para articular dobradinhas entre nós.

- Não conseguimos ter acesso e nem resposta sobre as questões burocráticas das candidaturas.

- A convenção estadual realizada nos causou muita estranheza. Os candidatos foram aconselhados a não irem. Os que foram, chegaram a ser barrados na entrada. Não houve a leitura dos nomes dos proporcionais e muito menos a resolução dos números. Problema este, aliás, que deixou boa parte dos candidatos insatisfeitos pela forma como se deu. Até hoje, não temos a segurança de quais serão os nossos números e nem se as candidaturas serão homologadas no TRE no momento certo. Houve uma promessa de tudo se resolver dias depois - através da Executiva Estadual - mas esta parece que nunca foi chamada.

- Também não temos certeza e clareza de como será a distribuição do fundo partidário e do tempo de TV. Nunca houve conversas resolutivas nesse sentido, nem individual e muito menos coletiva.

Como encaminhamentos, defendemos:

 - Que o nosso presidente Alessandro Molon - parlamentar que tanto nos orgulha - venha candidato a deputado federal e todos façamos um esforço que ele seja o mais votado do estado. Essa resolução é primordial para o partido, pois será a forma de - além de mantermos a qualidade do seu nome na Câmara - ajudar a eleger uma bancada grande socialista. Temos uma tarefa principal que é eleger Lula e Alckmin e estamos vendo a crise política que a questão do Senado está causando para a chapa nacional e, óbvio, para a coesão da chapa estadual. A candidatura de Molon ajudará muito o Brasil e o PSB Fluminense e precisamos estar a serviço disso. Temos certeza que o nosso companheiro não se furtará a essa tarefa nesse momento político tão grave do país.

- Que haja urgentemente a homologação das candidaturas com os números sendo acordados politicamente ou, caso não haja como, que seja feito de forma democrática a escolha.

- Definição de critérios políticos para a distribuição do tempo de TV e Fundo Partidário.  

Não podemos mais esperar!

Lucélia Santos

Édson Santos

Wesley Teixeira

Pratinha

Marcos Uchoa

Leandro Cunha

Tiago Gomes