A atmosfera é de enorme tensão nos círculos palacianos mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na noite da próxima segunda-feira (22), ele estará sentado na bancada do Jornal Nacional, de frente para William Bonner e Renata Vasconcelos, e será o primeiro dos presidenciáveis a ser entrevistado no mais influente e longevo telejornal da imprensa brasileira.
Mais surtado do que nunca com sua desconfortável e perturbadora segunda posição em todas as pesquisas de intenção de voto e vendo cada dia aumentar mais as chances de vitória de Lula (PT) já no primeiro turno, um desequilibrado Bolsonaro deve invadir os lares brasileiros no horário nobre da TV. E isso é uma “quase certeza” até para os correligionários mais íntimos, especialmente levando em consideração a verve agressiva e falaciosa do chefe e, sobretudo, seus preparativos e negativas durante os dias que antecedem a entrevista.
A equipe que Jair Bolsonaro levará à sede da TV Globo no Rio de Janeiro diz muito sobre o que esperar de sua participação no JN. Ele estará acompanhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, das Comunicações, Fábio Faria, e por Fábio Wajngarten, que chefiava a Secom, vinculada à Presidência.
Aos responsáveis por sua campanha eleitoral e ao time de marketing e comunicação, Jair Bolsonaro tem distribuído patadas e explosões de fúria quando um cursinho de media training é sugerido, assim como quando é orientado a evitar polêmicas e posturas agressivas, sobretudo em temas como o sistema eleitoral, seu autoritarismo e questões envolvendo as pilhas de escândalos de corrupção de seu governo.
Outra preocupação da equipe do ocupante do Palácio do Planalto é em relação à postura que Bolsonaro tomará diante dos apresentadores do JN. Ele já atacou com xingamentos e insultos o âncora do telejornal, William Bonner, de quem não esconde seu ódio, e ainda poderia tomar posições ainda mais machistas e misóginas, ao vivo, ao ser perguntado por Renata Vasconcelos sobre os mais espinhosos problemas de sua caótica gestão.
Seja lá como for, nem os mais otimistas de seus assessores acredita na hipótese de que o presidente não se descontrolará e dará um novo vexame para todo o Brasil, já que a pauta da emissora deve ser pesada contra o extremista descompensado que tenta um novo mandato de quatro anos à frente da nação, embora isso seja cada dia menos provável.