A percepção de que a democracia é preferível em relação a ditadura nunca foi tão grande no Brasil desde 1989 quando o Datafolha começou a medir essa específica diferença entre os brasileiros. Segundo a última publicação do instituto, apenas 7% podem ser chamados de viúvas da ditadura enquanto 75% do país entrou em consenso sobre o tema e apoia a vida democrática.
No último levantamento, em setembro de 2021, eram 70% pró-democracia e 9% de saudosos da ditadura. Além desses grupos, 17% disseram na ocasião que “tanto faz” a democracia ou a ditadura, enquanto 5% não souberam opinar. Nesse ano, o número de indiferentes caiu para 12% e de indecisos para 4%.
Outro dado interessante que a pesquisa traz é em relação aos setores nos quais aumenta a crença na democracia. O apoio aumenta conforme o grau de instrução e renda, chegando a 62% para os formados no ensino fundamental e 92% para quem concluiu algum curso superior. Em termos de renda, apenas 67% daqueles que recebem até dois salários mínimos acreditam na democracia enquanto que no time dos que recebem mais de dez mínimos, a porcentagem sobe para 91%. Entre as mulheres, 72% acreditam na democracia.
Já os índices de preferência pela ditadura aumentam em relação à média nacional (7%) entre 9% dos jovens de 16 a 24 anos, 8% entre estudantes do ensino médio, 8% dos moradores do Norte do país e 10% dos beneficiários do Auxílio Brasil. Por sua vez, os indiferentes garantem índices próximos da média nacional (12%) entre maiores de 60 anos (10%), trabalhadores que recebem até dois salários mínimos (17%), negros (18%) e desempregados (18%).
Um dado curioso da pesquisa é quando as respostas são separadas eleitoralmente. Entre os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a crença na democracia está um pouco abaixo da média nacional, em 74%, enquanto para os apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), a mesma crença aparece um pouco acima, em 77%. As definições de democracia de cada um não são discutidas na pesquisa e também os apoiadores da ditadura encontram uma maior porcentagem entre apoiadores de Bolsonaro (9%) que de Lula (6%).
As chances de haver uma nova ditadura são completamente descartadas por 49% dos brasileiros, enquanto 20% disseram crer que essas chances são altas. Mas para além das suposições, haverá o primeiro turno das eleições nacionais no próximo dia dois de outubro e o ex-presidente Lula lidera com folga: 47% das intenções de votos, sendo 51% dos votos válidos.