ELEIÇÕES 2022

Forças Armadas reorganizam desfile de 7 de setembro às pressas para Bolsonaro

Presidente tira o desfile da Avenida Presidente Vargas para levar ao seu reduto no Rio de Janeiro; evento ocorre a menos de um mês das eleições

Desfile cívico-militar de 7 de Setembro no centro do Rio de Janeiro. 2018.Créditos: Tomaz Silva / Agência Brasil
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A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de participar do desfile cívico-militar de 7 de setembro, no Rio de Janeiro, além de transformá-lo em um verdadeiro comício eleitoral a menos de um mês do primeiro turno, ainda pegou de surpresa o Comando Militar do Leste e a Prefeitura, responsáveis pela organização e infra estrutura do evento.

Comunicado pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, na última sexta-feira (29), o Comando Militar do Leste estaria com tudo preparado para que o evento ocorresse na Avenida Presidente Vargas pela manhã, como de costume. Mas agora terá que refazer todo o planejamento para acomodar tanto as medidas de segurança que a presença do presidente requer, como as demandas do próprio presidente. Entre elas, a de realizar o desfile ao longo da praia de Copacabana, local já tradicional de ocorrência de manifestações bolsonaristas aos finais de semana. E, em vez de começar pela manhã, também foi requisitado que o desfile seja iniciado a partir das 16h, já que mais cedo o presidente participará de semelhante evento em Brasília.

Em depoimento à Folha publicado na noite desta segunda-feira (1), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou que não havia sido avisado pelo Planalto sobre as mudanças no cronograma, e acabou tomando conhecimento pela imprensa. A prefeitura é responsável por fornecer a estrutura física do desfile, incluindo arquibancadas e grades de proteção.

A menos de um mês das eleições, Bolsonaro levará o desfile para seu reduto carioca. O anúncio veio em um momento em que o atual mandatário se sente pressionado pelas pesquisas de opinião que dão como provável a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno. Lula tem 47% das intenções de voto e está 18 pontos na frente do concorrente. Além disso, após seus inúmeros ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao sistema eleitoral brasileiro, o presidente em exercício viu uma enxurrada de retiradas de apoio, sobretudo de setores das elites econômicas, como a Febraban e a Fiesp, e de caciques políticos que outrora o apoiaram como Luciano Bivar (União Brasil) e André Janones (Avante).

A campanha de Bolsonaro aposta no desfile como um grande evento mobilizador, sobretudo aos setores mais radicalizados que se identificam com ideias de “patriotismo” oriundas do período da ditadura empresarial-militar iniciada em 1964. Na convenção nacional do PL, onde oficializou sua candidatura, o próprio presidente convocou seus apoiadores para ocuparem as ruas no próximo 7 de setembro “pela última vez”. Em seguida realizou seus já rotineiros ataques ao STF e ao sistema eleitoral.