Dez dias após declarar que votará em Lula (PT), mesmo preferindo o candidato do PDT, Ciro Gomes, o ator Pedro Cardoso foi às redes na manhã desta segunda-feira (1º) e relatou que está sofrendo ameaças.
"Sempre que sou atacado por alguma estrutura de autoridade, percebo-me uma vítima coletiva. O ataque que me chega, não escolhe a mim preferencialmente. Sou mais um como tantos", escreveu o ator.
Na denúncia, Cardoso afirma que "nesse momento, quando se nos impõe defender a democracia, grita a meus olhos que o AUTORITARISMO [NR.: com caixa alta] do fascismo brasileiro encontra-se, tal qual na política, também nas relações de trabalho e nas intimidades" e relata a usurpação da autonomia autoral, citando um embróglio que envolve a HBO.
"Quando agora enfrento a determinação da HBO Waner de deformar minha obra, percebo-me mais uma vez vítima coletiva do autoritarismo inerente ao modelo de negócio dos donos do dinheiro", diz, denunciando que no set de filmagem, os turnos eram de 12 horas. "Quem pode viver trabalhando 12 horas (+ 2 de ida e volta) todos os dias?", indaga.
Cardoso vem denunciando desde maio os abusos da HBO na produção de uma série criada em parceria com Graziella Moretto que fala da diferença entre classes sociais.
"Não venceremos o fascismo brasileiro na política se não o enfrentarmos também nas relações de trabalho. A liberdade existe. Hierarquias de poder não são fundamentais. Elas são instrumento da desigualdade econômica", diz o ator - leia a íntegra abaixo.
Voto em Lula
No dia 20 passado, Pedro Cardoso foi às redes e, em um longo texto, declara seu voto em Lula nas eleições presidenciais, mesmo preferindo Ciro Gomes.
"Eu prefiro Ciro mas vou votar em Lula para acompanhar a decisão da maioria. O fascismo brasileiro é um inimigo do tamanho do Brasil; um inimigo cujo o superpoder é a irracionalidade. Contra ela se impõe a arma símbolo da idealização do afeto. E quem encarna esse deus orixa avatar do amor da pessoa pobre brasileira é Lula", diz Carodos, que emenda: "são circunstâncias do momento. Portanto: Lula Lá com todo meu amor pelo Brasil", escreveu.
No texto, o ator diz que "Ciro se move pelo mundo envenenado da política", segundo ele "tarefa impossível de se cumprir sem ser contaminado" e diz relevar as investidas publicitárias do ex-ministro, que tem João Santana como marqueteiro.
"Relevo nele o apego as táticas da publicidade pessoal propagandística pq todos estamos prisioneiros da lógica perversa da comunicação coletiva. É a este aprisionamento da democracia pela publicidade que me oponho".