O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Emidio de Souza (PT), protocolou nesta terça-feira (26) um ofício ao corregedor e ao comandante da Polícia Militar do estado cobrando esclarecimentos e investigação sobre a conduta de um policial identificado como "Cabo Barreto".
O PM em questão fez discurso político contra a esquerda a moradores de de Cambury, na cidade de São Sebastião (SP), afirmando que o "governo comunista" que "quer voltar" vai tomar as casas das pessoas. O vídeo com a fala do policial viralizou nas redes sociais.
“Se vocês aceitarem esse governo comunista que está querendo voltar, vai chegar a hora que o governo vai falar assim: essa casa agora é do governo”, disse o PM com dedo em riste a moradores do bairro durante uma operação de despejo.
Segundo Emidio, a conduta do policial denota desvio de conduta, já que ele expressou opinião política que pode ser confundida com a posição da corporação - o que pode ensejar, inclusive, uma ação na Justiça Eleitoral.
"O policial foi flagrado fazendo discurso de proselitismo político e eleitoral para a comunidade da Barreirinha, na mesma cidade, a qual foi chamado a assistir durante um despejo. O comportamento do agente é tão díspar ao da função que lhe é atribuída que foi até mesmo objeto de denúncia da imprensa local, que replicou o discurso político do policial", afirma o deputado.
"Solicito uma investigação exemplar e urgente, no sentido de esclarecer o papel constitucional dos agentes de segurança pública que atuam a serviço da população do Estado de São Paulo. Vivemos um momento de animosidade causada por seguidores da ideologia da extrema-direita, que infelizmente capturou segmentos da população. Uma sociedade civilizada é aquela que possui forças policiais que se pautam pelo profissionalismo", prossegue o petista.
Entenda
Em conversa com moradores do bairro Cambury, em São Sebastião, cidade do litoral de São Paulo, nesta segunda-feira (25), um policial militar identificado como cabo Barreto fez um discurso sobre a "volta do governo comunista" e tentou aterrorizar a população dizendo que suas casas serão tomadas.
“Se vocês aceitarem esse governo comunista que está querendo voltar, vai chegar a hora que o governo vai falar assim: essa casa agora é do governo”, disse o PM com dedo em riste.
Uma moradora local, então, indagou: "E esse [governo] fez o quê?".
O PM então busca minimizar dizendo que "não gosta de política e não estou indicando político nenhum".
"Só tô querendo explicar para vocês nessa conversa aqui que ali não tem escritura e está numa área de preservação. Aí é uma parte normal que o Estado faz. Porém, se a gente alimentar a parte comunista da História vai ser igual nos outros países que estão ai. Nós cidadões (SIC) perdemos o direito de todos os nossos bens", reiterou o policial, citando como exemplo "a Bolívia, o Chile, que está a maior guerra".
Após a divulgação do vídeo pelo site Nova Imprensa, a PM emitiu nota dizendo que abriu sindicância para apurar a conduta do policial.
“Ao tomar conhecimento das imagens, imediatamente instaurou procedimento para apurar a conduta do policial, sendo certo que, a opinião pessoal do militar, não reflete o posicionamento institucional, nem tampouco se coaduna com os protocolos previstos para atendimento de ocorrências da Polícia Militar", diz o comunicado da corporçaão.