O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26), após pedido da Polícia Federal, a prorrogação da prisão temporária do bolsonarista Ivan Rejane Fonte Boa Pinto. Ele já havia tido a liberdade negada após audiência de custódia no sábado (23).
O "Terapeuta Papo Reto", como se identifica nas redes, foi encarcerado na última sexta-feira (22) por fazer ameaças explícitas de morte e de violência física contra ministros do STF, o ex-presidente Lula (PT), a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Ele falava em "caçar" os magistrados e políticos de esquerda, sugeria que Lula andasse com seguranças armados, em um claro gesto de intimidação, e afirmava que iria "pendurar" os alvos "de cabeça para baixo".
Com a decisão de Moraes, a prisão de Ivan Pinto foi prorrogada por mais 5 dias e, após este período, o ministro deve pedir a prisão temporária - isto é, sem prazo definido.
Em seu despacho, o ministro do STF argumentou que o bolsonarista deve continuar preso para que "a autoridade policial avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão". O objetivo é também impedir que Ivan Pinto mantenha contato com outras pessoas que, supostamente, podem compor uma organização criminosa para atentar contra políticos e instituições.
Moraes cita o fato de que, momentos antes de ser preso, Ivan Pinto divulgou um novo vídeo desafiando o ministro a prendê-lo e fazendo novas ameaças.
"Neste novo vídeo, há referência expressa ao art. 142 da Constituição Federal [sobre o papel das Forças Armadas] e à possibilidade de rompimento institucional do Estado democrático de Direito, também se vislumbrando como possível a configuração do delito de incitação ao crime, previsto no art. 286, parágrafo único, do Código Penal", escreveu o magistrado.
Desafiou Moraes pouco antes de ser preso
Ivan Pinto desafiou o ministro Alexandre de Moraes a prendê-lo pouco antes da Polícia Federal arrombar a porta de sua casa para cumprir o mandado de prisão.
Em vídeo postado no seu canal do YouTube na manhã de sexta-feira, o "Terapeuta Papo Reto", como se identifica nas redes sociais, ironiza a repercussão de um outro vídeo que viralizou em que faz ameaças a ministros do STF, ao ex-presidente Lula (PT), a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) e ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB), e que motivou sua prisão.
Na nova publicação, Ivan Pinto diz que a esquerda "está desesperada" e desafia Moraes a prendê-lo. "Prende minha rola!", dispara. O bolsonarista foi preso poucas horas depois.
Prisão
A polícia prendeu nesta sexta-feira (22), em Belo Horizonte, o bolsonarista Ivan Rejane Fonte Boa Pinto por ter publicado vídeos nas redes sociais onde faz ameaças de morte contra o ex-presidente Lula (PT), a deputada federal e presidenta do PT Gleisi Hoffmann e contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O mandado de prisão foi decretado nesta quarta-feira (20) pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após pedido da Policia Federal. Além disso, Moraes expediu um mandado de busca e apreensão na residência de Ivan e determinou o envio de ofício para o Twitter, YouTube e Facebook, e uma intimação ao Telegram, solicitando o bloqueio dos perfis do extremista.
Autointitulado "cidadão de bem", o homem, de dentro de um carro, faz ameaças explícitas de violência física, desafiando Lula a "botar o pé na rua" para ver "o que nós vamos fazer com você". "Anda com segurança armado até o talo porque nós da direita vamos começar a caçar vocês", dispara, afirmando ainda que vai "pendurar" ministros do STF "de cabeça para baixo".
No despacho em que determinou a prisão do bolsonarista, Moraes destacou que há elementos que "demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas, principalmente aquelas que possam contrapor-se de forma constitucionalmente prevista a atos ilegais ou inconstitucionais, como o Supremo Tribunal Federal, utilizando-se de uma rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura democrática e o Estado de Direito no Brasil”.