A Câmara Municipal do Porto, em Portugal, aprovou, nesta segunda-feira (18), o empréstimo do coração de D. Pedro I para as comemorações do bicentenário da independência do Brasil. O pedido foi feito pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
O historiador brasileiro, Laurentino Gomes, autor de livros de grande sucesso sobre a trajetória nacional (“1808”, “1822” e “1889”), além da trilogia “Escravidão”, criticou a iniciativa.
“O coração do D. Pedro é preservado em condições muito delicadas, lá na Igreja da Lapa, no Porto, e há um risco real. O pedido de empréstimo é um eco autoritário de uma ditadura, porque na comemoração do aniversário dos 150 anos era o auge da ditadura, em 1972, os militares trouxeram os restos mortais de D. Pedro para o Museu do Ipiranga”, afirmou Gomes.
“Bolsonaro, que cultiva a ditadura brasileira, é um adepto da ditadura, é um homem autoritário, um misógino, preconceituoso, racista, tentou mimetizar os generais da ditadura militar. Eles trouxeram o corpo, então, num gesto simbólico, vamos trazer o coração”, acrescentou, em entrevista ao portal português Sapo.
Somente o prefeito do Porto tem as cinco chaves para se chegar à relíquia
O coração e Dom Pedro I está preservado em um mausoléu na Igreja há mais de 180 anos. São necessárias cinco chaves para ter acesso ao órgão do imperador do Brasil. Apenas o prefeito do Porto tem todas elas.
Quase nunca o mausoléu é aberto. A última vez foi há poucas semanas, para a realização de uma perícia. O pedido do governo brasileiro foi feito em fevereiro e atendido oficialmente nesta segunda.
“A Câmara Municipal do Porto assegurará todas as diligências necessárias, assim como a articulação com outras entidades, em especial com as autoridades brasileiras, no que concerne à segurança da operação de transporte”, declarou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, revelando que os custos serão assumidos pelo governo brasileiro.