Em conversa com a Revista Fórum, o advogado Ian Vargas, que representa a família de Marcelo Arruda, declarou que discorda da conclusão do inquérito da Polícia Civil e que o assassinato do guarda municipal e dirigente petista pelo agente penal e militante bolsonarista Jorge Guaranho foi motivado por intolerância política.
“A defesa da vítima reafirma que a motivação do crime foi intolerância política. É contraditório alegar que Guaranho foi ao local após saber que existia uma festa com decoração do PT e que lá chegou gritando do carro palavras de ordem "Bolsonaro" "mito" e em seguida fez as ameaças, inclusive já com a arma e depois voltou e praticou o crime brutal sem motivação?”, questiona o advogado Ian Vargas.
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À Fórum, o advogado que explica que agora vão aguardar a posição do Ministério Público e revela que o celular de Jorge Guaranho foi apreendido para averiguação.
“Aguardaremos a posição do ministério público se irá oferecer denúncia ou se irá solicitar mais diligências. Tivemos conhecimento na tarde de quinta de que houve busca e apreensão do celular de Guaranho. Então aguardamos o relatório ser publicado no processo para vermos se a análise da perícia foi completa. É comum que demore e não é crível que tenha sido feito de um dia para o outro”, explica Ian Vargas.
Bolsonarista estava bêbado e foi avisado de festa de Lula no assassinato de Marcelo Arruda
De acordo com a delegada responsável pelo caso Camilla Cecconello, Jorge Guaranho tomou conhecimento da festa de Marcelo Arruda, que tinha como tema o PT e o Lula, durante um churrasco em que participava. Segundo a Cecconello, testemunhas afirmaram que uma pessoa que estava no mesmo churrasco que Guaranho tinha acesso às câmeras de segurança da Aresf.
A delegada também acredita que a pessoa que tinha acesso às câmeras “não mostrou por maldade”. Ela também revelou que a testemunha, dona do celular, está abalada, pois, não imaginava que, ao tomar conhecimento, Jorge Guaranho fosse fazer o que fez.
Segundo a delegada, testemunhas relataram que no momento Jorge Guranho nada comentou sobre a festa de Marcelo Arruda e que ele permaneceu por mais de 1 hora no churrasco.
Guaranho provoca família de Marcelo Arruda
Segundo a policial, Guaranho estava alcoolizado. Ao sair do churrasco, ele foi até a Aresf, onde acontecia a festa de Marcelo Arruda, e começou a provocar ao colocar a música referente ao presidente Bolsonaro.
Neste momento, começa a discussão entre Arruda e Guaranho. Segundo a delegada, a conversa girou em torno de Bolsonaro e Lula. O agente penal vai embora e, posteriormente, retorna no local. Segundo a investigação, neste momento Arruda, com a arma em punho, avisa ao agente penal que é policial e pede para Guranho ir embora, porém, o agente penal ignora a súplica de Arruda e inicia os disparos contra Arruda.
Com a conclusão do inquérito, Jorge Guaranho será indiciado por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e perigo comum, pois, colocou outras pessoas em risco de vida.
Crime de ódio
Questionada o assassinato de Marcelo Arruda foi motivado por crime de ódio, a delegada afirma que não e que, segundo relato da esposa de Guaranho, ele retorna à festa porque "se sentiu humilhado".
Ainda sobre a não qualificação como crime de ódio, Camilla Cecconello afirma que a investigação reconhece a motivação politica do assassinato de Marcelo Arruda, mas afirma que o contexto como um todo não se enquadra naquilo que é entendido como um ato que buscou impedir a manifestação de ação política.
Para a delegada, Jorge Guaranho, em um surto de raiva, queria "acertar as contas com Marcelo Arruda", pois, de acordo com o relato de tesemunhas, quando o agente penal retorna ao local ele diz à esposa de Arruda que a questão dele era com o guarda municipal e não com as outras pessoas presentes na festa.
Também está descartada a especulação de que Jorge Guaranho e Marcelo Arruda se conheciam.
Além disso, a delegada Cecconello revelou que, de acordo com testemunhas que estavam no mesmo churrasco que Jorge Guaranho, o agente penal havia consumido grande quantidade de álcool e "estava bastante alterado".
Por fim, a delegada reforçou que Marcelo Arruda agiu em legítima defesa.